Para Agnaldo (Siri) Azevedo,
in memoriam
...tufos amarelos / jorram de fímbria efervescente |
ondas de
cor muito mais que arpejos
a cidade
desfolha-se em mugidos
hemoptises
de ouro muros lavam
farmácia
líquida justo a inundar
claustros
pátios
iriadas praças
e ao fim praias
mercúrio
aí a escorrer de rota veia
desbordantes
muito mais que solfejos
alaridos
na encosta avarandada
leque de
velas
ao largo lúdicas
tufos amarelos
jorram de
fímbria agora efervescente
quem sabe
ecos de claustrais batalhas
ah,
talvez bizâncio entornado tenha
vinhos de
missa sangue de mosteiros
que em
palácio beberam sentinelas
sorvendo
taças e cruzando aljavas
agora
dormem
agora dança
salomé de
curvas sinuosas em palco
de
cristal que urge hipnotizar o antipas
bem ali
guardado
bem ali
sentado
no seu
trono de pórfiro e ametista
ao
bruxulear de lâmpadas de azeite
música a
derramar-se das estrelas
do fundo
lasso lá onde a encosta doira-se
(sol ora
revérbero em tela
de
passado não passado)
ávidos
rostos perscrutam
no
horizonte ausentes naus
sob a luz
que sugere penitências
nostálgica
de flagelos
jardim de
miosótis hortênsias muitas
despejados
da abóboda replicam
vento
solteiro a propagar canções
tangendo
violões sulcando areia
logo
angustiado som
sobe
incrustado de ônix
de laca
império vasto
ornado de
luz lívida
súbito
carne viva de fósforo transida
ou mugir
de harpa em crânio paranóico
subindo
por um estuar de rampas
a arder
num céu de cânhamo vermelho
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