(Bar,
Jazz, Bogart)
Panorama de Itabuna moderna e o seu Rio Cachoeira, que a corta no sentido Oeste-Leste |
Itabuna, Praça Adami e antiga Rua da Lama (Comércio) |
Tinha tempo bastante a desfrutar.
K.
Kaváfis
Baco
adora quando desço a praça
Adami,
caminho do Elite Bar.
Lá (no
bar de Emetério), busco o morno
canto,
próximo às mesas da sinuca;
observo
os jogadores do apostado,
os ases
das tacadas. O maior,
Zito
Maleiro, já tuberculoso,
captura a
solidão da bola sete;
o
infinito resvala sobre o verde
espaço de
luz acabando o jogo.
No
ambiente etéreo, Raleu, um Gable
de cabaré
no rosto juvenil,
confere
ares de sonho ao botequim.
O garçom
vem. Peço um vinho do Porto.
Ali,
flagro o soluço do gargalo,
o
intumescimento da taça e o rubro
trincolejar
do vidro satisfeito.
As
vitrinas do balcão, as prateleiras
alojando
garrafas de bebidas.
A roda de
gamão; o espelho e o rádio
Philips.
Na sequência das notícias,
um
julgado de saxes e trompete:
Duke
Ellington, atacando “Perdido”,
acende um
risco de néon na noite.
Sorvo o
vinho do Porto, calmamente.
Atento o
ouvido para o andar de cima,
ouço o
ruído abafado da roleta
na
sensação das coisas clandestinas.
Chegaram
os amigos. Planejamos
o que
faremos do frescor da noite.
Saímos.
Vamos pela Rua da Lama,
em
direção à Zona, ao Bar de Juca.
Lá
ficamos até de madrugada.
Por que
pensar na ciência dos abismos,
se temos
muito tempo pela frente?
Antes
fazemos hora, indo ao cinema.
Subimos a
praça. Nunca perdemos
em nossa
idade um filme de Bogart.
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