Imagem parcial de Uruçuca, antiga Água Preta |
Água
Preta: debruço-me na ponte,
olho o
rio que sangra minha infância;
me
despeço de mim – lá, do que fui,
do que
somente fui, não mais serei.
Na Rua do
Apertucho, com tristeza,
me
despeço de mim, dos meus amigos.
Imperceptível
traço do destino,
com
palavras escritas nas paredes,
resiste na
água quieta (minha tia
Dasdores,
debruçada na janela,
olha a
chuva batendo nos gramados).
Do
necessário roxo dos telhados
desce o
gado manso do tempo, rumo
ao fundo
do rio chifrando ausências.
(1954)
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