Noturnos
vagões carregados de amargura,
de
empilhados produtos e origens,
correi
sobre horizontes dos dias!
Composição
de espanto corrosivo
acerca-se
de mim, vai penetrando
com
violência em meus olhos. Vence-me
a carne e
os nervos, minha voz,
meu
desesperado sangue e cansaço, como
fantasma
criminoso que, alta noite,
entrasse
em minha casa fortemente
nutrido
de perigos e desastres.
Negros,
armados de geometria difícil,
rota
economia de outonos ressentidos,
duram
interiores funerários
sobre
sacos sombrios e carregadores.
Barris de
angústia, lento soluço,
arrastado
gemido sobre trilhos,
correi,
sempre correi, sombra
afogada
na sombra de sangrento galope.
Confuso
grito e fúria registrando
velocidades
e pressentimentos,
avançai
contra noites, contra os dias,
noturnos
vagões, consistência
de
amarguras espessas e ferragens,
cruel fome
de rodas gira-mundo."Barris de angústia, lento soluço, / arrastando gemido sobre trilhos". Maria Fumaça II, pintura de Wellington Villela |
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