Washington, no crepúsculo: "E a capital. É o Capitólio. Tudo / cheira a destino que se cumpre". |
Huyó lo que era firme, y solamente
lo fugitivo permanece y dura.
Quevedo
Refúgio
da geometria, a cidade
se propõe
Acrópole em linhas retas.
O espaço
se elege em claridade.
O céu
urbano, atento olho
de águia
ou réptil, espreita-me.
De tão
claro nada me surpreende.
É a
capital. É o Capitólio. Tudo
cheira a
destino que se cumpre.
Virá de
Bizâncio o luxo de existir?
Será de
Roma o mapa luzidio,
ali onde
o manto de César cobre
amplos
jardins e praças verdejantes?
Brutus
passeia. Mecenas e Tibério
descansam
em seus palácios. Daqui
estou
quase enxergando Gaio
nas
escadarias da Suprema Corte.
O silêncio
(verde piscina) brune
a certeza
de que nada ameaça ares e muros.
Espalha-se
em lufadas. Nenhum grito,
Labirinto
de calma participante,
a vida ao
sol navega convincente.
Lincoln,
pedra gelada, de seu templo,
vigia
paralelas nos espelhos.
De
partida, meus olhos forasteiros
inquirem:
o que permanecerá?
A
geometria, o bom senso como busca?
Washington: tributo a veteranos da Guerra da Coreia |
A
habilidade de trabalhar com signos?
O cimento
das ideias, o instinto do futuro?
Ou
apenas, visto da autoestrada, sobre lodo,
lento,
viscoso, polindo armas e medalhas,
o
Potomac, nostálgico, como o Tibre
da antiga
Roma coberta de brasões?
Miro a
esplanada; o vento adere
à
imensidão do espaço organizado,
no
crepúsculo que banha Watergate.
(Washington, EUA, ago. 1978)
Espetacular!...
ResponderExcluir