Antiga ponte sobre o Rio Minho no caminho português para Santiago de Compostela, trajeto milenar de peregrinos |
Poderia
como Lorca ir num carro
de águas
negras a Santiago de Cuba.
Mas
vou-me a Santiago de Compostela.
Prefiro
ofender hoje da Galícia
exposto
ventre aos olhos forasteiros.
Prefiro
esse triste vagão da Renfe
cortando
a clara trama de verdura,
prefiro
esse depósito de lágrimas
(navalha
rápida queimando o fresco
lábio do
Minho, cegando-lhe plácido
cristal
onde se miram asas e nuvens).
Prefiro
esse comboio melancólico,
abrindo a
verde pálpebra do Minho
ferida de
espumas e folhas no verão.
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