segunda-feira, 25 de maio de 2020

DADÁ, MUSA DO CANGAÇO, SUA OUTRA FACE

No dia 25/05/2020, precisa data dos 80 anos da morte do cangaceiro Corisco, abatido em pleno semiárido nordestino, o cineasta José Humberto divulga um vídeo, em que descreve o outro lado de Dadá, mulher do mais famoso integrante do bando de Lampião. Clique aqui.


Antonio Barbosa Barreto

25 DE MAIO. 80 ANOS DO ASSASSINATO DE CORISCO
( Antonio Barbosa/ Gringo Barreto)
Cristino Gomes da Silva Cleto filho de Manuel Gomes da Silva e de Firmina Cleto, conhecido depois como "Corisco" " O Diabo Loiro", nasceu em agosto de 1907, na localidade de Matinha de Água Branca, no Estado de Alagoas. Considerado belo como um galã de cinema: possuía boa estatura, ombros largos, pele alva e cabelos louros e longos. Além desses atributos, ele era dotado de grande força física e de uma coragem extraordinária. Em agosto de 1926, entrou para o bando de Lampião, recebendo o apelido de Diabo Louro, Lugar Tenente de Lampião, Chefe de um dos Subgrupos de Cangaceiros.
CORISCO não esteve no Encontro de Angicos, onde morreram 11 Cangaceiros, incluindo Lampião e Maria Bonita, em 28 de Julho de 1938. Corisco não gostava daquele lugar, de acesso difícil e uma só entrada.
" Angico é cova de difunto" ( Corisco 1938).
Cinco dias após o ocorrido, Corisco, sua companheira Dadá e o bando, invadiram a casa do coiteiro José Ventura Domingos (fazendeiro que se tornara amigo dos cangaceiros) e, pensando estar vingando o culpado, pois foi induzido por João Almeida Santos (vulgo Joça Bernardo), o verdadeiro traidor, seguiu a Lei do Talião "olho por olho, dente por dente": assassinou o dono da casa, sua esposa e filhos. Dessa forma, vingava a morte de Lampião. À pedido de Dadá, o Diabo Louro deixou vivos uma mulher que amamentava um bebê, e seus três filhos pequenos, justificando:
"Alguém tem que viver para contar a história".
. Após a chacina, degolou os cadáveres, colocou as cabeças dentro de um saco de estopa e, com as seguintes palavras, enviou-as ao tenente João Bezerra, executor de Lampião:
"Faça com essas cabeças uma fritada. Matei duas mulheres para vingar a morte de duas que foram assassinadas em Angico." 
Corisco, em 1938, na imagem e no traje, que Dadá, também costureira, imaginou e criou
Em maio de 1940, Corisco dissolveu o bando. Apenas na companhia de Dadá, do cangaceiro Rio Branco e da mulher dele, partiram para o sul da Bahia, à procura de um refúgio seguro.Em outubro de 1939, durante um duro combate contra três volantes, na fazenda Lagoa da Serra, em Sergipe, Corisco foi ferido e nunca mais se recuperou: ficou com a mão direita ficou paralisada e o braço esquerdo atrofiado, não podendo mais atirar. A partir desse dia, Dadá se tornou a primeira (e única) mulher no cangaço a utilizar um fuzil.
Para evitar ser reconhecido, vestiu-se de vaqueiro, cortou os longos cabelos loiros, aboliu o chapéu e as roupas do cangaço e, com todo o ouro que juntou durante todos aqueles anos, buscou uma vida diferente.
No dia 25 de maio de 1940, na região de Brotas de Macaúbas, na Bahia, A volante do Tenente Zé Rufino, cercou Corisco e Dadá, que estavam almoçando. Não houve possibilidade de reação.
Corisco, com os braços inutilizados, foi atingido na barriga por uma rajada de metralhadora. Ficando com os intestinos à mostra, conseguiu sobreviver, ainda, durante dez horas. Dadá foi atingida na perna e, não obstante ter passado por várias intervenções cirúrgicas, precisou amputar o pé direito. Os restos mortais de Corisco, ficaram expostos ao público até a década de 70, quando seu filho, incansável, conseguiu finalmente, dar um enterro a seu pai.
Em relação ao " pseudo" confronto final, Dadá declarou que os policiais vieram decididos a roubá-los e a matá-los, o que de fato fizeram. E que seu companheiro se encontrava deficiente físico e não teve chance alguma de se defender.
Em maio de 1968, a revista Realidade colocou frente a frente Dadá e o então Coronel José Rufino, responsável pela morte de Corisco e pelo relatório duvidoso de que Corisco o recebeu atirando. Rufino, velho e doente, chorou ao ver Dadá, forte e altiva, que o perdoou, mas desmentiu o algoz.
" Ele não matou meu marido em combate", afirmou. "Foi emboscada covarde."
Do cangaço, Dadá levou lembranças, três filhos com Corisco e nenhum dinheiro. Morreu em fevereiro de 1994, aos 78 anos, na periferia de Salvador.
Que a história, faça suas ressalvas. Nada a comemorar!
Corisco e Dadá, companheira no cangaço; ela morreu em Salvador em 1994

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