Embora tenha sido avisado, confesso que, ao lê-lo, este artigo do poeta, ficcionista, cronista, ensaísta e jornalista Ruy Espinheira Filho, publicado hoje na seção de Opinião, de A Tarde, deixou-me comovido e impactado. Em primeiro lugar, pelo tanto de generosidade e homenagem que o sensível conteúdo transmite e, depois, porque, apesar de sentir-me engrandecido e honrado, em essência, sem falsa modéstia, me considero um poeta regional, mal ultrapassando umas poucas divisas. No entanto, manifesto meu profundo agradecimento a este amigo de longas datas, convivência, fruições e bródios, num rastro de felicidade que não se esgota. Ao transcrever este afagante texto abaixo, exclamo, confortado e convicto, muito obrigado, Ruy Espinheira Filho, que, de muito, considero, sem nenhum favor, o nosso maior lírico. Segue.
87 ANOS
RUY ESPINHEIRA Filho
No último dia 8 o poeta Florisvaldo Mattos completou seus juvenis 87 anos. Digo juvenis porque juvenilidade é mesmo o que há, tanto na sua vida quanto na bela obra que escreveu, em verso e prosa, como poeta, ensaísta e jornalista. Sou seu leitor e admirador desde quando, no início dos anos 60, em Poções, o poeta Affonso Manta me deu para ler o número 16 da revista Ângulos, da Faculdade de Direito da UFBA, onde apareciam Carlos Aniso Melhor, Florisvaldo Mattos e Jair Gramacho.
Em 1965 Florisvaldo lançou seu primeiro livro, “Reverdor”, um clássico incontestável. Não comprei o livro, mas da porta da livraria acompanhei o grande evento que reunia o que havia de melhor da cultura e da arte da Bahia. Não comprei porque, estudante secundarista, só via algum dinheiro quando aparecia a mesada familiar – não propriamente uma mesada, pois não chegava todos os meses e, além do mais, era coisa bem pouca - família imensa, imensos gastos, não podia ser de outra forma. Em suma: sem dinheiro para a compra do livro, fiquei na porta, apenas observando...
Anos depois me tornei aluno de Florisvaldo, na Faculdade de Comunicação e, felizmente, com o tempo, nos tornamos amigos, uma das amizades que mais me honram e enriquecem. E por essa época lhe dei exemplar de “Reverdor” para seu autógrafo. Ele estranhou: já havia uma dedicatória, para José Lázaro Guimarães. Expliquei que Lázaro me emprestara o livro e que eu, depois de lê-lo, lhe dissera que não o devolveria – e, assim, o exemplar que tenho possui duas dedicatórias...
Bem, muito mais eu poderia dizer de Florisvaldo Mattos, mas prefiro aqui passar a palavra a Jorge Amado, que assim escreveu em seu “Bahia de todos os santos”: “Belo espetáculo o de um poeta em plena maturidade criadora, ainda estuante de força e já senhor do verso experiente. Momento único e de duração mínima em que se somam no ato da criação o fogo da juventude e o conhecimento do ofício. Hora solar na carreira do poeta, quando, ao vê-lo entregue à livre inspiração e de posse do saber aprendido, todos compreendem que ele assumiu o lugar devido e sua voz é coletiva. (...) Itabunense, grapiúna, homem de jornal, cidadão de extrema dignidade, grande poeta. O adjetivo é esse: grande, não há outro. Uma poesia do homem para o homem.”
Sim, falava de Florisvaldo Mattos, hoje, sem qualquer dúvida, um dos maiores nomes da poesia brasileira. Começou com um clássico, como já escrevi, e podemos dizer que toda a sua obra é clássica. Como também podemos dizer que, ao parabenizá-lo pelos seus 87 anos, estamos parabenizando a cultura nacional. Salve, pois, Florisvaldo Mattos, em seu sempre jovem brilhantismo e em sua dignidade, o que encantou Jorge Amado e encanta a todos nós.
Em 1965 Florisvaldo lançou seu primeiro livro, “Reverdor”, um clássico incontestável. Não comprei o livro, mas da porta da livraria acompanhei o grande evento que reunia o que havia de melhor da cultura e da arte da Bahia. Não comprei porque, estudante secundarista, só via algum dinheiro quando aparecia a mesada familiar – não propriamente uma mesada, pois não chegava todos os meses e, além do mais, era coisa bem pouca - família imensa, imensos gastos, não podia ser de outra forma. Em suma: sem dinheiro para a compra do livro, fiquei na porta, apenas observando...
Anos depois me tornei aluno de Florisvaldo, na Faculdade de Comunicação e, felizmente, com o tempo, nos tornamos amigos, uma das amizades que mais me honram e enriquecem. E por essa época lhe dei exemplar de “Reverdor” para seu autógrafo. Ele estranhou: já havia uma dedicatória, para José Lázaro Guimarães. Expliquei que Lázaro me emprestara o livro e que eu, depois de lê-lo, lhe dissera que não o devolveria – e, assim, o exemplar que tenho possui duas dedicatórias...
Bem, muito mais eu poderia dizer de Florisvaldo Mattos, mas prefiro aqui passar a palavra a Jorge Amado, que assim escreveu em seu “Bahia de todos os santos”: “Belo espetáculo o de um poeta em plena maturidade criadora, ainda estuante de força e já senhor do verso experiente. Momento único e de duração mínima em que se somam no ato da criação o fogo da juventude e o conhecimento do ofício. Hora solar na carreira do poeta, quando, ao vê-lo entregue à livre inspiração e de posse do saber aprendido, todos compreendem que ele assumiu o lugar devido e sua voz é coletiva. (...) Itabunense, grapiúna, homem de jornal, cidadão de extrema dignidade, grande poeta. O adjetivo é esse: grande, não há outro. Uma poesia do homem para o homem.”
Sim, falava de Florisvaldo Mattos, hoje, sem qualquer dúvida, um dos maiores nomes da poesia brasileira. Começou com um clássico, como já escrevi, e podemos dizer que toda a sua obra é clássica. Como também podemos dizer que, ao parabenizá-lo pelos seus 87 anos, estamos parabenizando a cultura nacional. Salve, pois, Florisvaldo Mattos, em seu sempre jovem brilhantismo e em sua dignidade, o que encantou Jorge Amado e encanta a todos nós.
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