terça-feira, 5 de agosto de 2014

O MONUMENTO

O Pensador, escultura de Auguste Rodin

Na praça, entre mangueiras, velhas árvores,
o monumento. Está morto. Sim, morto,
e não sabem. Aliás, desde algum tempo,
percebe-se inútil, sem cor na face.
Crente, enfiado em burel de eternidade,
observa fértil crosta de azinhavre,
instante verde-pálido das horas,
e a tribuna (pouso de oradores viris,
imersos em mordaça e clorofórmio),
lúdico ressoar de palavras ocas,
por corredores úmidos, de bronze.
Percebemos o exército de régulos,
que ainda acorrem, ávidos, em busca
de imortalidade (além dos vermes).
(2001)

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