terça-feira, 29 de julho de 2014

JAZZOLOGIA, ALTAS GLÓRIAS DE UM ESTILO

Ben Webster, retrato do pintor Bruni Sablan

(À memória de Coleman Hawkins, Lester Young, Ben Webster, John Coltrane, Johnny Hodges e Charlie Parker, saxofonistas de Jazz)

Glória ao saxofone – I

Ben Webster (1909-1973)
   Sigamos os clamorosos ventos,
   sonoros ventos do Mississipi.
   Ganidos e estrondos de tambores
   sigamos em compulsiva marcha;
   por dentro do amanhecer, louvemos
   o velho rio de langor e cantos.

    Pelo espelho da água poderosa,
    porta que se abrisse a rudes golpes,
    passeia o fragor das engrenagens;
    há suingue e luta no steam-boat,
    tombadilho de selvagens ritmos.
    A tensão pulsante do mistério
    vibra sobre a pele; suor de portos
    serpeia urbes plantando luas.
 
    Retesados músculos laboram
    guitarra de avessos quase real.
    Rebenta-se a corda de algodão,
    desabrocha no matiz do sangue.
    A musculatura alude a enxuto
    dorso de lascívia. Em fileiras,
    a matilha das notas persegue
Ben Webster. The Frog
    na estralada de ecos fera tuba,
    um facho ali na luxuriosa selva.

    Sumarento proscênio onde luzem
    pautas da noite, o fulgor também
    do protagonista que recusa
    a glória confiado nos seus totens.
    Terroso alento metais domina;
    o enunciado e a coda perpetuam
    lábios de rústico vigor. Logo,
    sob neblina e rio, fanal da alma,
    o sax reluz dentro da escuridão.      
                                                                      

Glória ao saxofone – II

(Jam-session lunar com Ben Webster, The Frog)

O rosto iluminado do delírio
parece desertar de Manhattan;
faz de som andarilho o Rio Hudson
em palco acre de álcool e desperdício.

Escalando a montanha dos sentidos,
a solidão e os sonhos rebelados
voam por sobre o Harlem e vão tocar
e o Novilúnio a face enegrecida.

Logo o duelo do Santo contra Lúcifer
começa neste pasto de Centauros,
onde reluz o som mais primitivo
Que o homem fez e ouviu, e o mais recente

que vem da geometria resplendente,
já descoberto o encanto da miragem,
celestial coda; é Ben Webster, claro,
soprando a ponta do quarto crescente.


II- INDÍCIOS DE OURO, ACORDES NA JANGAL

 

Mais que o tango, mais que o samba-canção,

mais que a rumba, mais que o fado e o baião

o jazz produz fagulhas de luas em céus

de memórias de que só restam uns véus,

em lúgubres paisagens,

e precipita imagens

de bares e bordéis

da meia-noite às seis.

Faz girar tambores, metais e cordas,

emitindo notas para despertas hordas,

que atravessaram águas e desertos,

com a mente mergulhada em sonhos certos.

 

Desde que Buddy Bolden expedia

flechas de som da noite para o dia,

Nova Orleans era só fardo e barril,

irrompeu lá outra guerra civil,

sustentada em acordes e gemidos,

paixão, dor, consciência, duplos sentidos,

que proferem metais, tambores, cordas,

e deste vasto porto partem hordas,

aquilo que foi sopro, ritmo e canto,

de mistura com suor, lamento e pranto.

O do algodão e escravos Mississipi

é testemunha e, antes que se dissipe

essa remota história do fervor,

urdo um rol à memória do langor.

 

Começo  por lembrar Louis Armstrong,

King Oliver, Sidney Bechet e o gong

De Big Sid Catlett; sigo um fundo vale

(de lá a Nova York, nada que me cale):

Hawkins Body and Soul arrebentando,

nos criativos trinta do suingue, quando

reinam Flecther e Jimmie Lunceford,

a nova ordem do bom para o melhor.

Invoco Hodges, Bigard, repito Blanton,

o trombone vodu de Trick Sam Nanton,

no rastro de Bix, Basie, algo que fungue

o pescoço da aurora, até Lester Young,

príncipe do langor; alas ao bebop

e a quem que na caudal surja alto e tope

com Dizzy, Parker, Monk, Powell, Mingus,

que ao jazz raspam a face de domingos,

ou reste apenas nos flancos dessa grei

espaço à prata e o ouro de Billie Holiday:

corça, escapa entre dédalos de pedra,

tênue haste, mais Ofélia do que Fedra.


EROSELLINGTONIA*

                       

Diáfana, vieste pela rua, cheia

De um tépido rumor em noite mansa.

Quarto à meia-luz; nós, na morna teia,

Ouvimos Hodges, prontos para a dança.

 

Enredamos, já nus, na cama alheia,

Árduo prélio (digo-te: “a noite é criança”):

Tu, em volteios sobre a minha lança;

Eu, assestando-a contra a lua-cheia.

 

Exaustos, em relaxo, ouvimos Cootie.

Bem Webster doa-nos o mel e o fogo,

Que o Jazz em nossas veias repercute.

 

Súbito me convocam pelos flavos.

Tu semelhas Nefertiti, e eu, no jogo,

Vibro com ardores de cavalos bravos.

 

SSA-BA, 1996.

* Venturoso devaneio ao som de um combo composto por instrumentistas da Orquestra de Duke Ellington (1899-1974): John Hodges (1906-1970), sax-alto; Cootie Willians (1910-1985), trompete; Ben Webster (1909-1973), sax-tenor.

  

JAZZ

 

Que será que na noite

Ben Webster desafia?

Será o Adamastor?

Será a ventania?

Ou será o ciclope

Que Ulisses iludia?

 

Certo é que, impávido, ia,

Com sopro e valentia.


(Salvador/BA, 1988-2016)

     John Coltrane (1926-1967), um gênio em busca da santidade


O mundo visto 

sob 

a perspectiva 
de John Coltrane


Um gênio em busca da santidade


Certamente a maioria esmagadora das pessoas considera a genialidade o estágio máximo de aperfeiçoamento da capacidade de criação humana. O indivíduo considerado gênio em uma determinada área, realiza seus projetos com excelência e lega aos demais seres humanos uma fonte inesgotável de prazer, reflexão, contemplação, debate, inspiração, etc.

Para John Coltrane a genialidade não era um fim, tampouco o limite do aperfeiçoamento estético, espiritual, material, ou seja lá o que for. Jonhn Coltrane não se contentou em ser um gênio da música, John Coltrane aspirou a santidade! Como um Sidartha do romance de Hermann Hesse, Coltrane percorreu através da música todas as esferas da existência humana. Conheceu o poço escuro e profundo do sansara, despertou-se, libertou-se e lançou sua música em direção da elevação do espírito.

John Coltrane passou a buscar o aprimoramento espiritual através do aprimoramento musical. Seu espírito aos poucos se fundiu ao som que fazia brotar não só do seu sax, mas de todos os instrumentos que compunham seus grupos de jazz. A música para John Coltrane era um meio através do qual se tornaria melhor, tanto musicalmente quanto espiritualmente. Tinha na música o instrumento que o permitia saber mais sobre si, o mundo e a existência. 

O roteiro de  The World According to John Coltrane (1990) (O Mundo Segundo John Coltrane), escrito por Robert Palmer, enfatiza essa assimilação espiritual da música por John Coltrane. Toda pesquisa empreendida por Coltrane visava saciar a curiosidade que o motivava desde os primeiros contatos com o saxofone. Na medida que ganhava autonomia e encontrava sua forma de compor e tocar a sede por saber e explorar novos território musicais o levaram a incorporar a música a seu espírito. Isso o fez levar a música além das fronteiras estéticas.  

Ao conhecer mais a fundo as estruturas musicais do oriente e perceber a profunda ligação entre a música e a espiritualidade em diferentes culturas orientais, Coltrane fundiu seu jazz com esses elementos. Desde a infância a religiosidade esteve presente em sua vida. Seu pai era pastor e embora tenha morrido enquanto o saxofonista ainda fosse muito jovem, teve na figura materna todo referencial religioso que norteou sua vida durante a infância e adolescência. Como ocorre na maioria das biografias dos grandes ícones da música negra estadunidense, John Coltrane também teve seu primeiro contato com a  música através da igreja. Foi lá que se encantou com os sons via os gospels e hinos religiosos tocados e cantados durante os cultos. 

Próximo ao final do filme, Alice Coltrane, pianista e esposa de John, define bem a obsessão de seu marido por sempre ir além do que já tinha feito. Segundo Alice, assim que criava algo, aquilo imediatamente tornava-se obsoleto para John. Essa dinâmica colocava sempre um novo limite a ser superado por Coltrane. O documentário mostra que a constante transformação pela qual passava a música de Coltrane deixou críticos de jazz e músicos completamente perdidos. Alguns pela completa falta de referencial que permitisse dizer o que John Coltrane estava fazendo, outros pela profunda sensação de êxtase que a música provocava justamente pelo seu caráter completamente inovador. 

Não foram apenas os músicos de jazz que se deixaram seduzir pelas inovações produzidas por John Coltrane. Seu minimalismo contaminou os compositores clássicos estadunidenses seus contemporâneos. Isso fica evidente no depoimento do compositor La Monte Young. Bandas de rock e outros gêneros buscaram na música de Coltrane inspiração para renovar sua própria música. Esse processo de constante criação e busca pelo novo encontrou barreira apena quando a morte abateu John Coltrane. 

Em seus últimos anos de vida a tônica da busca pelo aperfeiçoamento espiritual através da criação musical já havia alcançado seu ápice. As apresentações do novo grupo musical de John Coltrane expressavam a sintonia entre seus componentes, todos imersos na proposta de John. Os concertos pareciam verdadeiras celebrações religiosas pois os músicos pareciam entrar num transe e serem completamente arrebatados pela música que produziam.

O quinteto formado por Alice Coltrane no piano, Pharoah Sanders no sax tenor, Jimmy Garrison no contrabaixo e Rashied Ali na bateria permitiu a Coltrane romper as últimas amarras musicais que o prendiam às regras formais a que alcançara até ali para desembocar num estilo completamente livre e espontâneo. Os álbuns feitos a partir da formação dete quinteto, por volta de 66, apresentam os graus mais abstratos de toda carreira de John Coltrane. 

Aos amantes de jazz e música em geral é quase um dever assistir The World Acoording to John Coltrane. O filme oferece as lentes pelas quais ele via o mundo. Lentes abstratas poismponentes dos olhos do espírito. Nada mais envolvente que assistir à derradeira luta do espírito por se libertar das amarras do corpo. Pode não ser algo concreto por pretender-se transcendental, porém como metáfora existencial está bem ancorada na imanência da busca pelo sentido pra se estar vivo. 



John Coltrane: o jazz como 

elemento da contracultura


Pesquisa da Unesp mergulha na obra-prima do saxofonista e mostra como sua música refletiu discussões e polêmicas que circulavam nos anos 1960, envolvendo comportamento, indústria cultural, religião, racismo e juventude.

https://jornal.unesp.br/2022/11/05/john-coltrane-o-jazz-como-elemento-da-contracultura/



Considerado pela crítica especializada como o maior sax tenor do jazz, e um dos mais relevantes compositores do gênero em todos os tempos, John William Coltrane, ou John Coltrane, nasceu em Hamlet, Carolina do Norte, nos EUA, em 1926. Seu nascimento ocorreu bem próximo do episódio da quebra da bolsa de Nova York, em 1929, fato que alterou radicalmente as políticas de Estado e, consequentemente, afetou a estrutura social de seu tempo. Nesse sentido, o desenvolvimento artístico de Coltrane se deu à luz das grandes questões contextuais do período.

O músico começou a ganhar notoriedade em 1949, ao se juntar à banda de Dizzy Gillespie (companheiro de Charlie Parker Jr). Em 1955 foi convidado a participar da banda de Miles Davis, que já figurava como um dos principais nomes do jazz. A partir de então, Coltrane passou a transitar em um novo patamar dos nomes do jazz e assim procedeu no seu principal período de atividade até 1967, ano do seu falecimento. Nessa fase, colaborou na reformulação do jazz e influenciou gerações de outros artistas de diferentes gêneros musicais, indo desde o rock até a música erudita. Sua atuação em estúdio foi prolífica: lançou cerca de 50 gravações como líder e apareceu em outras tantas coordenadas por outros músicos. Ao longo de sua carreira, a música de Coltrane foi tomando progressivamente uma dimensão alquímica que consagrou seu legado musical. Possivelmente, a referência central na obra de Coltrane está em seu álbum A Love Supreme.

Partindo da relevância histórica e cultural do álbum, o mestrando e pesquisador do Grupo de Estudos Culturais da Unesp em Franca, André Céspedes Pimenta, elaborou o projeto: “A Love Supreme: John Coltrane, Contracultura e Jazz”, sob a orientação do professor da Faculdade de Ciências Humanas Sociais da Unesp, José Adriano Fenerick.

 “O jazz nasceu e se desenvolveu primordialmente no século 20, nos EUA. De lá, se espalhou e tomou conta do mundo como nenhuma expressão musical jamais havia conseguido antes”, explica Pimenta. “Nas décadas de 1950 e 1960, essa música passou a configurar uma forma estética de oposição ao modelo de sociedade de consumo idealizado pelo governo norte-americano, assim como a outras formas culturais relevantes. O objetivo do projeto é estudar o álbum A Love Supreme na tentativa de compreender quais são os elementos que o compõem, a recepção que tiveram por parte do público e o modo como se relacionam com a dinâmica social e cultural dos anos de 1960”, diz Pimenta.

De acordo com a pesquisa, durante o período estudado, nomes como Charles Mingus, Thelonious Monk, Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Miles Davis e John Coltrane estavam entre os principais jazzistas e porta-vozes negros. Somando-se a outros movimentos da contracultura, esses jazzistas passaram a compor o modelo de resistência que ofertava à juventude uma música que não se encaixava nos moldes dos produtos propagandeados pela indústria fonográfica.

Cada vez mais, as obras criadas por aqueles artistas apresentavam características que fugiam das limitadas definições dos sub gêneros do jazz. Eram músicas que questionavam a própria condição de música e sua forma-mercadoria, escancarando as contradições e conflitos internos quanto ao que significava tocar jazz naquele tempo. “Busco compreender o desenvolvimento de Coltrane como artista dentro desse contexto, para explicar como foi possível a criação de um álbum tão bem sucedido com tantos elementos estrangeiros (religiosos e raciais, especialmente) que muito tencionaram a dinâmica do complexo sistema de forças estabelecido na década de 1960”, explica o pesquisador.

A Love Supreme

Lançado no meio de uma década de efusão artística e cultural, o álbum A Love Supreme foi de importância incontornável para a compreensão dos rumos tomados pelo jazz e pela contracultura norte-americana nos anos de 1960.  O álbum foi gravado em uma única sessão, em 9 de dezembro de 1964, no Van Gelder Studio em Englewood Cliffs, Nova Jersey, mas distribuído em 1965. Durante a gravação, Coltrane liderou um quarteto formado pelo pianista McCoy Tyner, o baixista Jimmy Garrison e o baterista Elvin Jones.

A Love Supreme é uma suíte composta por quatro partes: AcknowledgementResolutionPursuance Psalm. Coltrane toca saxofone tenor nas quatro divisões. Lançado pela Impulse! Records, foi um dos álbuns mais vendidos do saxofonista e é considerado sua obra-prima. O disco se baseia na construção modal, ou seja, não segue uma tonalidade específica, e sim na distribuição dos modos. Ele é categorizado pela revista espanhola de música Rockdelux como um álbum de jazz modal, jazz vanguardista, free jazz, hard bop e post-bop.

“A proposta da análise visa articular o objeto com suas condições de produção no intuito de compreender as mediações entre a indústria da música, suas finalidades, seu material musical e as implicações na sociedade. A escolha do álbum A Love Supreme como objeto de análise se deu justamente pelo seu potencial para mobilizar uma série de expressivos fenômenos ocorridos nos arredores do ano de sua produção. O álbum reúne uma quantidade de elementos relevantes para o entendimento do fluxo de ideias sobre comportamento, música, religião, racismo e muitas outras facetas que vigoravam especialmente na década de 1960”, diz o pesquisador da Unesp.

      John Coltrane morreu no auge de sua carreira, em 17.07.1967


BIOGRAFIA DE JOHN COLTRANE


O saxofonista e compositor jazzístico norte-americano John William Coltrane nasceu na cidade de Hamlet, na Carolina do Norte, no dia 23 de setembro de 1926. Ele é até hoje considerado pelos críticos como um dos melhores músicos de jazz da história musical. Seu poder de inspirar músicos de todo o Planeta não se restringe apenas aos círculos do jazz, ele atinge tanto os roqueiros quanto os que cultivam um estilo mais erudito.

John herdou da família sua inclinação musical. Seu pai, John Robert Coltrane, um alfaiate, executava melodias no violino, enquanto sua mãe, Alice Blair Coltrane, integrava o coro da Igreja. Ao completar dois meses de idade, ele parte com seus familiares para High Point, também na Carolina do Norte, quando seu avô, o Revendo William Blair, assume uma posição na Igreja Metodista Africana Episcopal de Sião.

Aos 13 anos ele encerra seu curso primário e ao mesmo tempo perde seu pai, o tio e seus avós em apenas um mês. Só ele, a mãe, uma tia e seu primo sobrevivem. Sua genitora é obrigada a trabalhar como empregada doméstica para dar suporte à família. Nesta mesma ocasião ele concluía seus estudos secundários. Seu primeiro instrumento é o clarinete, com o qual ele desenvolve seus dons musicais. Mas logo o músico o troca pelo saxofone alto. Suas inspirações musicais neste período foram o sax tenor Lester Young e Count Basie.

Alguns anos depois, em Nova Jérsei, John passa a estudar na Ornstein School of Music e no Granoff Studios, ao mesmo tempo em que trabalha numa refinaria de açúcar. Nesta mesma época ele inicia sua vida noturna, apresentando-se em alguns bares. Em 1947 ele assume uma carreira profissional. Nos primeiros anos ele não finca raízes em lugar algum e só conquista o prestígio com a supervisão de Miles Davis, que o ajuda a depurar sua sonoridade.

Coltrane se une definitivamente ao Miles Davis Quintet tocando seu sax tenor, progredindo com tamanha velocidade, que logo se transformou em um dos principais elementos deste grupo. Tragicamente, porém, ele foi dispensado do Quinteto em 1957, ao ser flagrado consumindo heroína. Algum tempo depois, livre das drogas, ele toca por algum tempo com Thelonious Monk.

Sua atuação principal na esfera musical se deu entre 1955 e 1967, período no qual ele renovou o ritmo jazzístico e marcou intensamente várias gerações musicais. John compôs pelo menos 50 músicas nesta fase mais criativa. Com os saxofones tenores Coleman Hawkins, Lester Young e Sonny Rollins, ele subverteu as possibilidades de seu instrumento. Sua fama o levou inclusive a ser citado excepcionalmente na entrega do Prêmio Pulitzer de 2007.

O primeiro álbum importante de Coltrane, lançado em 1957, à frente de um conjunto, o Blue Train, é considerado um de seus melhores trabalhos. Neste mesmo ano ele retorna ao Miles Davis Quintet, conquistando críticas positivas e um convite para gravar na Atlantic. Sua antológica interpretação da canção Giant Steps, na qual ele foi acompanhado por piano, baixo e bateria, o posicionou com destaque e louvor na história do jazz. Depois deste sucesso ele deixa o Quintet e inicia um novo projeto com o pianista McCoy Tyner, o baixista Jimmy Garrison e o baterista Elvin Jones.

Nos anos 60, John Coltrane traz a público outro clássico, My Favorite Things, que marca uma etapa distinta em sua trajetória musical, mais voltada para o minimalismo, as melodias hipnóticas e extensos solos repetitivos. Rotulado como anti-jazz, este estilo provoca no âmbito musical uma intensa maré criativa.

Em meados da década de 60 o músico, depois de compor A Love Supreme, inicia a busca de um rumo mais vanguardista; sua banda recruta mais instrumentistas, acrescentando um baixo e depois outra bateria.

John Coltrane parte no auge de sua carreira, no dia 17 de julho de 1967, vítima de um câncer no fígado. Ele foi sepultado em Farmingdale, na cidade de Nova York.

Fontes
http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Coltrane


        Chet Baker e seu trompete, numa exibição de Jazz, em Paris


CHET BAKER, A VOZ DO TROMPETE


"O estilo de cantar de Chet Baker em Chet Baker Sings (1954) terminou o que Bing Crosby começou. Crosby tinha iniciado o movimento de "quente" para "legal", enquanto ensinava os cantores a usar o microfone. Mas, apesar do estilo de Bing ser relativamente descontraído, ele ainda utilizou técnicas "quentes" como vibrato, insultos e pequenas ornamentações para "vender" a melodia. Este continuou a ser o padrão, mas Baker levou-o um passo mais além, eliminando ou drasticamente derrubando o calor destas técnicas. Além disso, no alcance e timbre da sua voz, ele não soou como um homem a cantar deveria. Dada a resposta negativa dos colegas músicos, amigos e críticos, foi preciso alguma coragem para Baker continuar a cantar.
Baker era um de uma longa linha de trompetistas que cantavam. Louis Armstrong, Jabbo Smith, Roy Eldridge, Bunny Berigan, Louis Prima, Hot Lips Page e Dizzy Gillespie todos cantaram bem. Eles pensavam em si mesmos como artistas, gostavam de cantar e estavam felizes por dar uma pausa aos seus costeletas. O estilo de Berigan era mais leve, mas mesmo depois de ter feito um sucesso com "I Can't Get Started", ele quase sempre se deferiu para um cantor de banda e acabou de tocar. O resto daqueles tipos cantavam com uma abordagem mais corajosa, às vezes irónico ou astuto, muitas vezes bluesy. Armstrong sempre cantou músicas românticas, mas ouço uma arte que separa o cantor do objeto do seu afeto e a canção em si torna-se o objeto. Ele cantou com grande ternura na última fase da sua carreira. O canto de Baker foi o primeiro desta linhagem que disse em voz alta: "Isto é o que significa ser vulnerável. "
É apropriado que a sua música vocal mais famosa seja "My Funny Valentine. "Nesta música de Rodgers e Hart, temos uma partida psíquica entre artista e música. Esta é uma canção que soletra as imperfeições do amante ("é a tua figura menos do que grega, é a tua boca um pouco fraca, quando a abres para falar és inteligente"). Olhe para o próprio título - meu "engraçado" valentine; não que o amante seja engraçado/humoroso, mas engraçado como em—como é que isto aconteceu—como é que acabei com alguém como tu. Isto é amor como mistério, canção como mistério, cantada por um músico cuja vida foi vivida publicamente, mas que era um mistério. Sim, conhecemos os fatos biográficos da vida de Baker, mas a vida interior estava envolta em camadas de romantismo e autoproteção.

Por S. Provizer G / Tudo sobre Jazz

VESTÍGIOS DO JAZZ

A Fernando da Rocha Peres, fã de Chet Baker

 

Assim: Chet

arremete

seu trompete,

som de escrete,

nem que chova

canivete.

 

(SSA/BA, 10 ago.2001)


Chet Baker, Nova Iorque, 16 de janeiro de 1986 . Foto de Richard Avedon.
MILES DAVIS, GLÓRIA DO TROMPETE

https://www.youtube.com/watch?v=bAC5Vf1REZg

https://www.youtube.com/watch?v=fBoHkB92SU0

https://www.youtube.com/watch?v=er7cD8x7ReY

https://www.youtube.com/watch?v=QGtrC41NpI8


DAVE BRUBECK E SEU QUARTETO

https://www.youtube.com/watch?v=-DHuW1h1wHw&ab_channel=DaveBrubeckVEVO

https://www.youtube.com/watch?v=ZXEh9e7VL7k&ab_channel=BenJayToken


LESTER YOUNG, SOPRO COMO VOO DE GAIVOTA 


Lester Willis Young (27 de agosto de 1909 - 15 de março de 1959), apelidado de Pres ou Prez, foi um saxofonista tenor de jazz americano e clarinetista ocasional. Ganhando destaque enquanto membro da orquestra do Count Basie, Young foi um dos tocadores mais influentes no seu instrumento. Em contraste com muitos dos seus pares de condução dura, Young brincou com um tom relaxado e frio e usou harmonias sofisticadas, usando o que um crítico chamou de estilo flutuante livre, rodando e mergulhando como uma gaivota, bancando com riffs baixos e funky que agradavam tanto dançarinos como ouvintes. Conhecido pelo seu estilo introvertido, inventou ou popularizou grande parte do jargão hipster que veio a ser associado à música. Diz-se que Lester Young popularizou o uso do termo cool para significar algo na moda.


LADY DAY E LESTER YOUNG

https://www.youtube.com/watch?v=Ykd1SPJTyak


BEN WEBSTER - O LIRISMO DO JAZZ

https://www.youtube.com/watch?v=G3ipWLg

https://www.youtube.com/watch?v=q5IaMdhVBFo&t=55s

https://www.youtube.com/watch?v=hi8NtRBfrAc&list=RDhi8NtRBfrAc&start_radio=1

DUKE ELLINGTON, VÁRIAS EXECUÇÕES

https://www.youtube.com/watch?v=qfwvbmc1ccQ&list=RDqfwvbmc1ccQ&start_radio=1&rv=qfwvbmc1ccQ&t=182&ab_channel=jazzstandar

https://www.youtube.com/watch?v=s_GTfl8Hhc8&ab_channel=JUSTASITTINANDAROCK

https://www.youtube.com/watch?v=nZJB_jdAW7o&ab_channel=hoffmannjazzHoffmann

https://www.youtube.com/watch?v=2QbTAHOP8vs&ab_channel=LoungeSensationTV

https://www.youtube.com/watch?v=3Uz0nPZQmoI&ab_channel=AllThatJazzDonKaart


COUNT BASIE E ORQUESTRA


https://www.youtube.com/watch?v=p3QG1qNwKlg&t=66s&ab_channel=NickL%C3%B8wen

https://www.youtube.com/watch?v=hHMYhajNtNg&list=RDp3QG1qNwKlg&index=5&ab_channel=yurinickolaevich

https://www.youtube.com/watch?v=2HAZP7nWo6A&ab_channel=Palanza


CANTORES DE JAZZ

Charles Brown, cantor pioneiro do estilo blues e influenciador de outros cantores

Charles Brown foi o pioneiro criador do imensamente influente estilo blues da Califórnia pós-guerra. Embora identificado com o seu clássico "Driftin' Blues", ele não estava comprometido apenas com o blues, e estava confortável como um cantor popular também. Os seus esforços como vocalista, pianista e compositor ajudaram a criar a música que se tornaria rhythm and blues (R&B), e ele foi um dos principais para trazer uma mudança no mainstream da música afro-americana, que traria os vocalistas para a vanguarda e, em grande parte, eclipse a arte instrumental de jazz. Brown foi um artista principal nas décadas de 1940 e 1950, influenciando uma série de artistas posteriores, incluindo Ray Charles.
Brown nasceu a 13 de setembro de 1922 (algumas fontes dão o ano como 1920), em Texas City, Texas. A mãe dele morreu quando ele era bebé, e ele foi criado pelos avós, que o fizeram aprender a tocar piano e órgão da igreja. Ele manteve-se na sua educação, e finalmente obteve um diploma de bacharel em química com a intenção de ensinar a disciplina na escola. No entanto, depois que ele se juntou à grande migração de negros do Texas para Los Angeles durante a Segunda Guerra Mundial, ele rapidamente tomou conhecimento da cena do jazz e do blues tomando forma lá, e decidiu que ele poderia fazer melhor para colocar suas habilidades musicais a trabalhar.
Brown entrou em uma competição de hora amadora no Lincoln Theater, em Los Angeles, uma performance de blues ao vivo meca. Ironicamente, ele não ganhou o concurso com uma canção de blues, mas fez uma grande interpretação de "Claire de Lune. ” e para o seu encore seguido com “Rhapsódy in Blue. ” No palco, Brown impressionou o guitarrista Johnny Moore, que estava à procura de um pianista-vocalista para completar o seu novo grupo, os Three Blazers. Brown conseguiu o trabalho e tornou-se o homem da frente para um novo tipo de ato de blues, um que oferecia música de considerável complexidade, e emprestou harmonias e técnicas instrumentais do mundo do jazz sem perder a diretude e a profundidade emocional das suas raízes de blues rurais.
Quando, no verão de 1945, Charles Brown gravou "Driftin'Blues", expandiu imediatamente a linguagem do blues, sombreando-a com um ar de sofisticação. Esta música foi um grande sucesso até 1946. Charles ainda estava nos Three Blazers, e continuou com eles por mais vários discos, então em 1949 ele decidiu sair sozinho, pois percebeu que eram as suas canções que as estavam a tornar populares no circuito R&B.
Ele assinou com a Aladdin Records e lançou "Get Yourself Another Fool", "Trouble Blues", e em 1950 outro clássico de Charles Brown "Black Night. ” Ele tinha chegado em grande! Ele estava constantemente no topo das paradas de R&B e manteve-o até 1952. Com tanto sucesso nas paradas de rádio e discos, ele era muito procurado como artista e era popular na turnê também. Ele continuou com Aladdin até 1956, ano em que lançou "Merry Christmas Baby", a perene balada de Natal blues. Ele seguiu isto com "Por favor, Venha para casa no Natal. ”
O estilo relaxado e sofisticado de blues fixe a cantar Brown inspirou uma série de artistas posteriores também, especialmente um jovem Ray Charles que estava a viver em Los Angeles durante os anos de glória de Charles Brown. O seu único rival na cena teria sido T-Bone Walker, que era uma estrela na mesma época, e até T-Bone apanhou um pouco do seu estilo de vocalização. Gigantes azuis B. B. King e Bobby "Blue" Bland, ambos dominavam o talento de Brown para infundir música com sutileza jazz sem perder o sentimento de blues, e Ivory Joe Hunter que passou a ser popular e até mesmo a música country com o seu blues crooning suave. Mas Charles Brown estava numa aula sozinho, e permaneceu como tal desde então
A carreira de Brown entrou em declínio durante a era do rock and roll, quando cantores brancos como Elvis Presley modelaram os principais elementos de seus estilos por conta própria, enquanto o público negro passou para os sons mais modernos de Ray Charles e outros pioneiros da música soul.
A sua atividade nos anos 60 foi, no máximo, esporádica. Ele ainda conseguiu alguns concertos, mas foi difícil para ele. Suas gravações com rótulos como Mainstream, Bluesway e Jewel, passaram em grande parte despercebidas. Ele apareceu no Kentucky a tocar num clube operado por gangsters, mas as coisas estavam a secar para a estrela de uma vez. No final dos anos 60 e nos anos 70 Brown, apesar do seu amplo conhecimento de gêneros musicais tão variados como jazz, gospel e clássico, foi reduzido a riscar uma existência tocando datas de piano bar em locais tão longe como Anchorage, Alaska, e trabalhando para um serviço de limpeza. Uma aparição no San Francisco Blues Festival de 1976 não começou a sua carreira moribunda, e no início dos anos 80, Brown contemplou a aposentadoria. "Eu imaginei que na minha idade, deveria desistir porque a maioria das pessoas que me conheciam e à minha música estavam mortas e desapareceram", disse ele ao Down Beat. Mas ele foi gradualmente atraído de volta ao campo da atuação ativa no final dos anos 80, aparecendo em uma série de encontros com o guitarrista Danny Caron, que se tornou o seu diretor musical durante a segunda fase da sua carreira.
O seu regresso começou em 1986 quando gravou "One More for the Road", para o Blueside. Este foi um álbum bem feito que chamou alguma atenção com os aficionados do Die hard blues, e consequentemente foi relançado no Alligator em 1989, promovido corretamente e colocou Charles de volta na estrada.
Brown gravou o álbum "All My Life" para a gravadora Bullseye em 1990, assistido pelo Dr. John, com um produtor e formação de músicos que também eram fãs da sua música, e deu-lhe e ao disco o respeito merecido. Ele continuou com o Bullseye em 1994 e esteve na melhor forma durante todo o tempo. Os discos fizeram uma exposição respeitável em vendas e ele também encontrou um novo mercado.
Ele apareceu em locais de jazz tão prestigiados como Blue Note de Nova Iorque e Hollywood's Vine Street Bar and Grill. No último show, a vocalista e guitarrista de blues-rock Bonnie Raitt prestes a embarcar num grande regresso da sua própria carreira estava presente. Tendo idolatrado Brown por alguns anos, ela ficou emocionada por conhecê-lo pessoalmente, e o encontro levou a um convite para Brown abrir para Raitt na turnê que ela empreendeu em conexão com o seu álbum multiplatina "Nick of Time". Charles Brown estava de volta!
A exposição que Brown recebeu quase igualou àquela que ele tinha desfrutado no seu auge, e novas oportunidades de gravação e apresentação começaram a fluir no seu caminho. Os seus álbuns "Just a Lucky So and So", "These Blues", "Honey Dripper", e "So Goes Love" de 1998 (os últimos três gravados para o rótulo Verve orientado para o jazz) mostraram as suas habilidades vocais e teclado quase indiminíveis.
Em 1999 Brown estava agendado para ser introduzido no Rock and Roll Hall of Fame. Mas ele estava em declínio de saúde durante vários anos, e antes que pudesse receber esta honra numa vida que tinha recebido vergonhosamente poucos deles, Charles Brown morreu de insuficiência cardíaca congestiva em Oakland, Califórnia, a 21 de janeiro de 1999.
Charles Brown foi um dos melhores, e cantores originais na história do Rhythm and Blues.

Fonte: James Nadal



(Jon Hendricks (1921-2017) era mestre no solo de Jazz vocal

LETRISTA E CANTOR, JON HENDRICKS: FOI
UM DOS CRIADORES DO VOCALÊS NO JAZZ

John Carl Hendricks, conhecido profissionalmente como Jon Hendricks, foi um letrista e cantor de jazz americano. Ele é um dos criadores do vocalês, que adiciona letras às canções instrumentais existentes e substitui muitos instrumentos por vocalistas, como os arranjos de banda grande de Duke Ellington e Count Basie. Ele é considerado um dos melhores praticantes de canto scat, que envolve solo de jazz vocal. O crítico de jazz e historiador Leonard Feather chamou-o de "Poeta Laureado do Jazz", enquanto a Time o apelidava de "James Joyce de Jive". Al Jarreau chamou-o de "pound-por-pound o melhor cantor de jazz do planeta - talvez isso já tenha sido".
Nascido em 1921 em Newark, Ohio, Hendricks e os seus 14 irmãos mudaram-se muitas vezes, seguindo as tarefas do pai como pastor da A.M.E., antes de se estabelecerem permanentemente em Toledo.
Lá, Hendricks começou sua carreira de cantor aos sete anos de idade. Ele disse: "Quando eu tinha 10 anos, eu era uma celebridade local em Toledo. Tive ofertas para ir com Fats Waller quando tinha 12 anos, e ofereceu-me para ir com Ted Lewis e ser a sua sombra quando tinha 13 anos. Ele tinha aquela música "Eu e Minha Sombra". E ele tinha um menino negro que era a sua sombra, que fazia tudo o que ele fazia. Esse foi o número dele. "
Quando adolescente, o primeiro interesse de Jon foi pela bateria, mas em pouco tempo ele estava cantando na rádio regularmente com outro nativo de Toledo, o pianista Art Tatum. Jon conheceu sua primeira esposa Colleen Moore em Toledo, Ohio. Eles foram casados e tiveram 4 filhos.
Depois de servir no Exército durante a Segunda Guerra Mundial, Hendricks foi para casa para frequentar a Universidade de Toledo no G.I. Bill como major pré-direito. Logo quando ele estava prestes a entrar no programa de graduação em Direito, os benefícios G.I. esgotaram. Charlie Parker tinha, numa paragem em Toledo dois anos antes, encorajado-o a vir a Nova Iorque e procurá-lo. Hendricks mudou-se para lá e começou a sua carreira de cantor.
Em 1957, ele juntou-se a Dave Lambert e Annie Ross para formar o lendário trio vocal Lambert, Hendricks & Ross (LH&R). Com Jon como letrista, o trio aperfeiçoou a arte do vocalês e levou-a à volta do mundo, ganhando-lhes a designação de "Number One Vocal Group in the World" por cinco anos seguidos da revista Melody Maker. Seu álbum multi-faixas Sing a Song of Basie foi um dos primeiros exemplos de overdubing.
Hendricks normalmente escrevia letras não apenas para melodias, mas para solos instrumentais inteiros, um exemplo notável é a sua opinião sobre o solo de saxofone tenor de Ben Webster na gravação original de "Cotton Tail", de Ellington, como destaque no álbum Lambert, Hendricks and Ross! (1960). Suas letras para "I Remember Clifford" de Benny Golson foram gravadas por vários outros vocalistas, incluindo Dinah Washington, Carmen McRae, Nancy Wilson, Ray Charles, The Manhattan Transfer e Helen Merrill.
De 1957 a 1962, o trio gravou nove álbuns antes de Annie Ross partir devido a problemas de saúde. Ela foi substituída por Yolande Bavan, e o grupo foi anunciado como Lambert, Hendricks e Bavan pelos três álbuns ao vivo que eles gravaram, 1962-64. A maioria dos álbuns gravados sob ambos os nomes estão disponíveis em CD; há também várias compilações.
Inúmeros cantores citam o trabalho de LH&R como uma influência, incluindo Van Morrison, Al Jarreau e Bobby McFerrin. A canção "Yeh Yeh", para a qual Hendricks compôs a letra, tornou-se um sucesso de 1965 para o cantor britânico de R&B-jazz Georgie Fame, que continua a gravar e interpretar composições de Lambert, Hendricks & Ross até hoje. Em 1966 Hendricks gravou "Fire in the City" com os Warlocks, que pouco tempo depois mudaram seu nome para Grateful Dead. Hendricks escreveu letras para várias canções do Thelonious Monk, incluindo "In Walked Bud", que ele cantou no álbum Underground de 1968 do Monk. (precisa de citação)
Para uma apresentação no Festival de Jazz de Monterey 1960, ele criou e estrelou um musical chamado Evolution of the Blues Song, que contou com cantores aclamados como Jimmy Witherspoon, Hannah Dean e "Big" Miller, bem como os saxofonistas Ben Webster e Pony Poindexter.
O conjunto tocou não só as palavras e música de Hendricks, mas também o clássico de Percy Mayfield "Please Send Me Someone to Love", o drive D. Adoro a música gospel "That's Enough", e o blues perene, "C.C. Rider". Em 1961, a Columbia Records lançou um LP da produção e Hendricks mais tarde apresentou o show em São Francisco; no Westwood Playhouse em Los Angeles, onde foi produzido pelos advogados Burton Marks e Mark Green; e em Nova Iorque. (precisa de citação)
Seguindo uma carreira solo, e depois de se divorciar da sua primeira esposa, Colleen (Connie), Hendricks mudou-se com os seus filhos para Londres, Inglaterra, em 1968, em parte para que os seus quatro filhos pudessem receber uma educação melhor. Enquanto lá estava, ele viajou pela Europa e África, apresentava-se frequentemente na televisão britânica e apareceu no filme britânico de 1971 Jazz Is Our Religion (que se foca nas fotografias de Val Wilmer), bem como no filme francês Hommage à Cole Porter. Suas datas esgotadas atraíram fãs como os Rolling Stones e os Beatles. Cinco anos depois, a família Hendricks estabeleceu-se em Mill Valley, Califórnia, onde Hendricks trabalhou como crítico de jazz para o San Francisco Chronicle e deu aulas na Califórnia State University em Sonoma e na Universidade da Califórnia em Berkeley. A peça que ele escreveu para o palco sobre a história do jazz, Evolution of the Blues, esteve durante cinco anos no Off-Broadway Theatre em São Francisco e dois anos em Los Angeles. Seu documentário de televisão Somewhere to Lay My Weary Head recebeu os prêmios Emmy, Iris e Peabody.
Hendricks gravou vários álbuns aclamados pela crítica sozinho, alguns com a sua esposa Judith e as filhas Michele e Aria contribuindo. Ele colaborou com velhos amigos The Manhattan Transfer para o seu álbum seminal de 1985, Vocalese, que ganhou sete Grammy Awards. Ele serviu no comitê de Honra do Kennedy Center sob os presidentes Carter, Reagan e Clinton.
Em 2000, Hendricks regressou à sua cidade natal para ensinar na Universidade de Toledo, onde foi nomeado Professor Distinto de Estudos de Jazz e recebeu um Doutorado Honorário em Artes Cênicas. Ele foi selecionado para ser o primeiro artista de jazz americano a dar palestras na Sorbonne em Paris. O seu grupo de 15 vozes, o Jon Hendricks Vocalstra na Universidade de Toledo, se apresentou na Sorbonne em 2002. Hendricks também escreveu a letra de algumas peças clássicas incluindo "On the Trail" da Suíte Grand Canyon de Ferde Grofe. The Vocalstra estreou uma versão vocalesa de "Scheherazade" de Rimsky-Korsakov com a Sinfonia de Toledo.
No verão de 2003 Hendricks saiu em turnê com os "Four Brothers", um quarteto composto por Hendricks, Kurt Elling, Mark Murphy e Kevin Mahogany. Ele trabalhou no ajuste de palavras e no arranjo do segundo concerto de piano de Rachmaninoff, bem como em dois livros, ensinando e turnê com o seu Vocalstra. Ele escreveu a letra para o Preludio No. 1 de Gershwin para o conjunto a cappella Pieces of 8, álbum Across the Blue Meridian. Ele apareceu num filme com Al Pacino, People I Know (2002), e também em White Men Can't Jump (1992).
Em 2012, Hendricks apareceu no documentário No One But Me, discutindo sua ex-colega de banda e amiga, Annie Ross. Em 2015, Hendricks perdeu sua segunda esposa Judith devido a um tumor cerebral.
Hendricks também apareceu em três faixas do lançamento de 2016 da JC Hopkins Biggish Band intitulada "Meet Me At Minton's". Ele canta vocalês em "Suddenly (In Walked Bud)", está incluído no conjunto da faixa-título do álbum "Meet Me At Minton's", e canta um dueto da música Monk "How I Wish (Ask Me Now)" com o cantor e vencedor do Thelonius Monk Competition 2016 Jazzmeia Horn. Na época da gravação ele tinha 93 anos e Horn 23 anos.
Em 2017, a letra completa do álbum Miles Ahead por Hendricks, incluindo os solos de Miles Davis e as orquestrações de Gil Evans, foi concluída. Foi estreado em Nova Iorque pelo coro britânico The London Vocal Project, com Hendricks na presença, com uma gravação de estúdio a seguir.
Hendricks morreu em 22 de novembro de 2017 em Manhattan, Nova Iorque, aos 96 anos.

Com o sax-tenor John Coltrane, Cannonball
Adderley rejuvenece o grupo de Miles Davis


No sax-alto, Cannonball Adderley é comparado a Chalie Parker

Julian Edwin "Cannonball" Adderley nasceu a 15 de setembro de 1928 em Tampa, Florida. Inicialmente ele queria tocar saxofone tenor, mas como tanto dinheiro como instrumentos eram escassos durante a Segunda Guerra Mundial, Adderley acabou comprando um alto batido.
Enquanto estava na escola alta Julian recebeu o seu apelido de Cannonball. Originalmente, os amigos chamavam-no de "Canibal", por causa do seu grande apetite, mas através de muitas pronúncias erradas tornou-se "Cannonball. ”
Depois da escola alta ele frequentou a Florida A&M University, depois ensinou música para alta estudantes da escola Dillard alta em Fort Lauderdale. Em 1950, Adderley foi convocado para o Exército dos EUA. Ele era um membro da 36a Banda do Exército, que tocava principalmente material de dança. Vários outros músicos de jazz notáveis nesta banda foram o trombonista Curtis Fuller e o irmão de Cannonball Nat, que tocava trompete e corneta.
A banda finalmente feriu estacionada em Washington D.C., onde Cannonball estudou música na Academia Naval dos Estados Unidos. Ele então acabou em Kentucky, onde liderou a banda base em Fort Knox. Cannonball e Nat foram ambos dispensados em meados da década de 1950, altura em que decidiram mudar-se para Nova Iorque juntos.
Inicialmente, Cannonball matriculou-se na Universidade de Nova Iorque para estudos de pós-graduação em música, mas rapidamente tornou-se demasiado ocupado a fazer shows para assistir às O seu primeiro concerto na cidade com o baixista Oscar Pettiford no Café Bohemia, depois de uma noite quando foi ver a banda e o saxofonista Charlie Rouse esqueceu-se da sua buzina. Como mais ninguém na banda tinha um, Pettiford pediu a Cannonball para assistir ao "I Remember April", e ele rapidamente conseguiu o concerto.
Apesar de já estar a fazer ondas no cenário de Nova Iorque, Cannonball decidiu deixar Nova Iorque e voltar à sua posição de professor em Fort Lauderdale. No entanto, a atração da cidade foi demasiado forte e em 1956 ele estava de volta ao local. Após o seu regresso, Adderley formou o seu próprio grupo com Nat, o pianista Junior Mance e o baixista Sam Jones. O grupo tocou brevemente, antes de Adderley ser convidado para se juntar ao grupo de Miles Davis em 1957.
Mesmo antes de se juntarem oficialmente a Davis, eles apareceram juntos no lançamento do Blue Note de 1958 de Adderley, Somethin' Else. Eles juntam-se neste álbum pelo pianista Hank Jones, o baixista Sam Jones e o baterista Art Blakey nas canções "Autumn Leaves" e "Love for Sale. ”
Cannonball, com o saxofonista tenor John Coltrane, rejuvenesceu o grupo de Davis e juntos criaram um som fresco que criou uma agitação no mundo do jazz. Adderley apareceu com Davis em muitas gravações notáveis no final dos anos 50, incluindo Milestones e Porgy and Bess, nas quais Adderley pode ser ouvido nas canções "Buzzard Song", "Fishermen, Strawberry and Devil Crab," e "Summertime. ”
A produção musical de Adderley com Davis é verdadeiramente notável, dado o curto tempo em que o grupo esteve junto. Adderley também geriu informalmente as finanças da banda durante o seu mandato com Davis, e também recomendou que Davis contratasse o pianista Bill Evans e o baterista Jimmy Cobb antes das sessões de Kind of Blue.
Em maio de 1958, Adderley entrou em estúdio com Davis e Coltrane, onde gravaram várias canções incluindo "On Green Dolphin Street. ” O cenário do grupo no Newport Jazz Festival, que incluiu "Fran-Dance", foi gravado, embora não exista nenhum filme da performance. No outono de 1958, o sexteto de Miles Davis se apresentou no quarto Edwardian no Hotel Plaza. Esta apresentação foi gravada e tornou-se o álbum Jazz at the Plaza.
Em 1959, o grupo juntamente com o pianista Bill Evans foram ao estúdio gravar as sessões que se tornaram Kind of Blue. Este álbum definitivamente definiu o tom do jazz modal, por mais vagamente definido que essa categoria possa ser. Entre março e abril de 1959, o grupo gravou as canções que acabaram por compensar o álbum. No nexo das harmonias impressionistas de Evans, a técnica assassina de Coltrane, os solos movidos pelo blues de Adderley e as habilidades de Davis como líder, criaram o que tem sido considerado, justamente, uma das maiores conquistas do jazz.
Esta configuração pode ser ouvida no clássico modal "So What" e "All Blues", onde o solo de Adderley balança tão forte que eleva o telhado. Também explorado no álbum está "Flamenco Sketches", que pouco tem a ver com a Espanha, mas é uma balada assombradamente memorável.
No outono de 1959, Adderley deixou Davis para formar o seu próprio grupo com Nat na corneta e trompete, Bobby Timmons no piano e Sam Jones no baixo. A banda gravou o álbum Cannonball Adderley Quintet em São Francisco, que inclui a faixa Em 1960, a mesma banda lançou um segundo álbum ao vivo da Costa Oeste, The Cannonball Adderley Quintet at the Lighthouse, que contou com a música “Azule Scrape. ”
Em 1961, o pianista Joe Zawinul juntou-se ao grupo de Adderley quando ele começou a abraçar o lado mais engraçado do jazz e R&B. O multi-reedista Yusef Lateef também se juntou ao grupo em 1962, e juntos apareceram numa série de álbuns que incluem The Sextet e Jazz Workshop Revisited, ambos gravados em 1962. Mais tarde naquele ano, Cannonball também gravou um álbum de música brasileira intitulado Bossa Nova com o pianista Sergio Mendes.
Charles Lloyd substituiu Yusef Lateef no grupo, e pode ser ouvido no álbum Fiddler on the Roof. O pianista Joe Zawinul escreveu dois dos maiores sucessos da banda Adderley: "Mercy, Mercy, Mercy" e "Country Preacher. ” Joe Zawinul deixou o grupo em 1970, e foi substituído pelo tecladista George Duke.
Adderley continuou a gravar, atuar e turnê nos anos 70. Ele lançou muitos álbuns para a Capitol, que incluíram The Black Messias em 1971, The Happy People em 1972 e Music, You All em 1973. Adderley sofreu de diabetes a maior parte da sua vida, e sucumbiu a um AVC em 8 de agosto de 1975.
O legado de Adderley no também saxofone é comparável apenas ao de Charlie Parker. Mas além dos seus dons evidentes como solista, ele era verdadeiramente um músico completo, cujos esforços nos bastidores tornaram o Kind of Blue possível, e cujo prolífico catálogo continua a definir o padrão para o seu instrumento.

Fonte: Jazz Giants


LEONARD FEATHER, CRÍTICO E COMPOSITOR DE JAZZ

O reconhecido reitor dos críticos de jazz americanos, Leonard Feather também foi um compositor e produtor de renome, escrevendo perenes incluindo "Evil Gal Blues", "Blowtop Blues" e "How Blue Can You Get? " bem como sessões de estreia de futuras lendas Dinah Washington e Sarah Vaughan. Nascido a 13 de setembro de 1914, em Londres, quando criança Feather estudou piano e clarinete, depois aprendendo a fazer arranjos. Enquanto esperava entrar no negócio de varejo de roupas do seu pai, ele dedicou a sua vida à música ao descobrir o "West End Blues" de Louis Armstrong numa loja de discos de Kensington. Feather lançou a sua carreira de escritor com uma série de cartas para a publicação musical britânica Melody Maker, reflectindo sobre temas desde composições de jazz em tempo de valsa até a ausência de entusiastas do jazz feminino; o editor Dan Ingman logo lhe ofereceu uma posição de staff. Quando Armstrong fez a sua primeira aparição no London Palladium em 1932, Feather estava presente, posteriormente conhecendo o seu ídolo num pub próximo. No final da noite, Armstrong concordou em sentar-se para uma entrevista da Melody Maker, e os dois homens permaneceram amigos para a vida toda.
Em 1935 Feather e o amigo pianista Felix King mudaram-se para Nova Iorque. O colega crítico de jazz John Hammond conheceu o seu navio à medida que desembarcou, e na sua primeira noite nos EUA Feather testemunhou Bessie Smith a atuar no Apollo seguido de uma aparição na Orquestra Teddy Hill no Savoy. No devido tempo, ele assinou como agente de imprensa de Duke Ellington também, e a sua incansável promoção dos artistas e ideais nos quais ele acreditava ser um impulso incalculável para a era do swing emergente. Feather foi acima de tudo um juiz excepcional de novos talentos, produzindo as primeiras sessões de estúdio de Washington e Vaughan e impulsionando as carreiras de Mary Osborne, Vivian Gary e Vi Redd. Ele também colaborou com Mary Lou Williams e Beryl Booker para produzir vários conjuntos de jazz femininos. Para Washington ele escreveu "Evil Gal Blues" e "Blowtop Blues", e o seu maior sucesso, "How Blue Can You Get? ," foi imortalizado por todos desde Louis Jordan a B.B. King -- líderes de banda que vão de Ellington a Count Basie a Benny Carter também adicionaram composições e arranjos de Feather aos seus repertórios.
Enquanto ele permaneceu ativo na indústria da música durante décadas seguintes, produzindo uma série de LPs incluindo a data do Prestige de 1951 Leonard Feather's Swingin' Swedes, o esforço da MGM de 1954 Dixieland vs. Birdland, e o lançamento VSOP de 1957 52nd Street, Feather continua a ser mais influente como escritor: uma voz crítica frequentemente acerbica, mas consistentemente elegante, ele ganhou pela primeira vez atenção generalizada através de contribuições para a Metronome e Esquire, criando para o primeiro o chamado "teste de venda", no qual os músicos e outros notáveis da indústria foram tocou discos sem saber o título ou os jogadores envolvidos. O processo foi fundamental na invalidação de preconceitos e fora e fora dos preconceitos contra músicos de uma determinada raça, gênero ou estatura comercial, provando repetidamente o quão raramente o talento e a inovação são julgados apenas por méritos próprios. O teste à venda também foi um segmento regular da exposição de rádio Platterbrains de Feather, e ele refinou a fórmula durante a sua temporada com o JazzTimes.
Com a publicação de 1949 do seu primeiro livro, Inside Be-Bop, Feather efetivamente canonizou os talentos visionários de Charlie Parker e Dizzy Gillespie. Os temas e argumentos centrais do livro foram rapidamente absorvidos por atacado pelo jazz cognoscenti, mesmo que as críticas do seu autor a Thelonious Monk tenham sido amplas da marca. A contribuição mais duradoura de Feather para a crítica de jazz e a história continua a ser o seu volume de 1960 The New Encyclopedia of Jazz: "Apesar dos erros (principalmente datas de nascimento) e rivais, de Chilton a Grove, continua a ser indispensável para a sua amplitude e autonomia crítica, e para as secções auxiliares que abordam o assunto de inúmeras formas -- musicológico, sociológico, até antropológico", escreveu o crítico de jazz da próxima geração Gary Giddins.
Pouco depois da publicação do livro, Feather mudou-se para o sul da Califórnia, onde assinou como crítico de jazz do Los Angeles Times. Nos anos seguintes, ele também ensinou na UCLA, na Universidade da Califórnia em Riverside, e na Califórnia State University em Northridge, e publicou livros incluindo Inside Jazz de 1977 e 1987 From Satchmo to Miles. Segundo muitos relatos, a energia de Feather diminuiu após um terremoto de 1993 que o forçou a desocupar a casa de Sherman Oaks que ele partilhava com a esposa de longa data, Jane. Depois de uma batalha contra a pneumonia, morreu a 22 de setembro de 1994, pouco mais de uma semana depois do seu 80o aniversário. The Biographical Encyclopedia of Jazz, co-escrita com Ira Gitler, seguiu postumamente em 1999.
Fonte: Jason Ankeny

     Leonard Feather (1914-1994), um dos maiores críticos de Jazz 

BOOGIE-WOOGIE, ARTE REVIGORANTE DO JAZZ,
ENTRE FINS DOS ANOS 1930 E MEADOS DOS 1940

O pianista Albert Clifton Ammons (1 de março de 1907 - 2 de dezembro de 1949) foi o rei do boogie-woogie, um estilo bluesy jazz que varreu os Estados Unidos, e depois o mundo, desde o final dos anos 30 até meados dos anos 40. Embora as suas origens fossem modestas, o seu poderoso estilo de piano levá-lo-ia dos bares de Chicago ao Carnegie Hall à Casa Branca. Como solista e em duetos, o estilo propulsivo de Ammons deu vida a clássicos como "Boogie Woogie Stomp" e "Pinetop's Boogie Woogie. " Albert Ammons foi um dos três grandes do boogie-woogie do final dos anos 30, juntamente com Pete Johnson e Meade Lux Lewis.
Ammons nasceu em 23 de setembro de 1907, em Chicago, Illinois. Ambos os pais eram pianistas, por isso foi uma pequena surpresa que ele tivesse aprendido a tocar aos dez anos. Ele também tocou percussão na bateria e corneta quando era adolescente, e logo estava tocando com bandas na cena do clube de Chicago. Depois da Primeira Guerra Mundial, ele se interessou pelo blues, e aprendeu ouvindo os pianistas de Chicago Hersal Thomas e os irmãos Yancey.
No início dos anos 20, Ammons trabalhou como motorista de táxi para a Silver Taxicab Company e continuou a residir em Chicago. Em 1924 ele conheceu um colega taxista que também tocava piano, Meade Lux Lewis. Logo os dois jogadores começaram a trabalhar em equipe, atuando em clubes e festas de aluguel de casas. Silver Taxicab eventualmente montou a sua própria sala de clube, completa com um piano, para que pudessem encontrar Ammons e Lewis quando alguém precisasse de uma boleia.
Ammons começou a sua própria banda no Club De Lisa em 1934, e permaneceu no clube durante os próximos dois anos. Durante esse tempo ele jogou com uma poderosa unidade de cinco peças que incluía Guy Kelly, Dalbert Bright, Jimmy Hoskins e Israel Crosby. Ammons também gravou como Rhythm Kings de Albert Ammons para a Decca Records em 1936. A versão dos Rhythm Kings de "Swanee River Boogie" venderia um milhão de cópias. Apesar deste sucesso, mudou-se de Chicago para Nova Iorque, onde se juntou a outro pianista talentoso, Pete Johnson. Os dois se apresentavam regularmente no Café Society, e ocasionalmente juntaram-se a Lewis.
No final da década de 1930, todas as coisas boogie-woogie tornaram-se uma sensação, uma tendência que se manteria verdadeira até meados da década de 1940. O início da tendência coincidiu com a aparição de Ammons no Carnegie Hall com Pete Johnson e Lewis em 1938, no concerto "Spirituals to Swing" de John Hammond. A ideia de Hammond era apresentar um concerto de música negra americana, desde o blues e a música gospel ao jazz contemporâneo. Neste concerto, músicos negros se apresentavam para um público integrado. Em 1938 isto era bastante raro. Dedicado à cantora de blues Bessie Smith, que havia morrido no ano anterior, o concerto "Spirituals to Swing" foi uma divisão de águas na história do blues e do jazz.
Hammond também fez um ponto político no programa do concerto. Ele observou que muitos dos artistas que se apresentaram no evento foram forçados a trabalhar em trabalhos domésticos para fazer face às despesas ou a executar a sua música por muito pouca compensação. Durante este tempo Lewis continuou a trabalhar numa garagem, e Ammons fez apenas 9 dólares por semana para o seu trabalho no piano. Embora o concerto do Carnegie Hall não mudasse estas discrepâncias para todos os jogadores, trouxe mais atenção para Ammons e seus dois companheiros. Embora este concerto também incluísse Count Basie, Sidney Bechet, Benny Goodman... e muitos outros principais artistas de jazz e blues do período, o Boogie Woogie Trio, como vieram a ser chamados, roubaram o show. Quase instantaneamente, tornaram-se celebridades internacionais. O sucesso do concerto também levou a Ammons a gravar com Harry James para a Biblioteca do Congresso.
Em 6 de janeiro de 1939, Ammons e Lewis gravaram várias faixas que ajudariam a lançar Blue Note, uma nova gravadora que se tornaria sinônimo de jazz. O imigrante alemão Alfred Lion, que tinha visto o trio atuar no Carnegie Hall, convidou Ammons para trazer o seu estilo boogie-woogie para um estúdio de Nova Iorque e gravar uma série de solos e duetos. Uma daquelas gravações do Blue Note, "Boogie Woogie Stomp", tornou-se a peça tema de Ammons. Ammons também gravou solos e duetos para Solo Art e até gravou em outras combinações de bandas, incluindo cortar cinco faixas com o Port of Harlem Jazzmen.
Ammons gravou com Pete Johnson para Victor em 1941, mas seria a sua última sessão durante vários anos. Ele cortou-se enquanto fazia uma sanduíche, cortando a parte de cima de um dos dedos, e mais tarde sofreu paralisia temporária em ambas as mãos. Uma proibição da União de Músicos também impediu Ammons e outros de gravar. Quando a proibição foi levantada em 1944, no entanto, Ammons voltou ao estúdio para gravar para Commodore com Don Byas, Hot Lips Page e Vic Dickenson.
Embora a moda do boogie-woogie tenha começado a desaparecer em 1945, após a Segunda Guerra Mundial, Ammons não teve dificuldade em garantir o trabalho. Ele continuou em turnê como artista solo durante este tempo, e entre 1946 e 1949 gravou para Mercury. O último triunfo de Ammons veio quando ele foi convidado para tocar no Presidente Harry S. Inauguração de Truman em 1949, o mesmo ano da sua morte aos 42 anos. Mesmo após a sua morte, o pianista continuou a afirmar uma forte influência sobre uma nova geração de pianistas, incluindo Erroll Garner e Ray Bryant.
Boogie-woogie foi uma forma de arte revigorante que colmatou a lacuna entre jazz, blues, R&B e, eventualmente, o rock and roll. Albert Ammons representou o nível mais alto de realização artística do boogie-woogie.
Fonte: James Nadal

Albert Ammons (1907-1949), ao piano, foi o rei do boogie-woogie


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