sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

PAULO MARTINS: UM POEMA ERÓTICO UNIVERSAL

 


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Um poema erótico universal: parte I


Paulo Martins

Foto de Matt Seymour na 

Revista Incomunidade

No auge de sua carreira, Nelson Gonçalves gravou uma canção com letra de Adelino Moreira chamada Escultura, que marcou uma época de nossa juventude. Reunia os predicados de uma mulher perfeita, sintetizando aquela que seria o modelo desejado pelo autor, ou, quem sabe, por todos os homens do mundo. O erotismo sugerido nas palavras e ambientação dessa canção, tornou-a peça indispensável nos bordéis e salões de luxo, que promoviam as relações amorosas como o maior evento e prazer da vida mundana. 

A escultura reunia as mais marcantes características de algumas mulheres famosas da história, ora pela beleza, personalidade e sensualidade, ora pelas virtudes, assim como pelos exemplos de uma vida plena de prazeres: para começar, “a voz de Dulcinéia”, “a malícia de Frinéia” e, em brusco contraste, “a pureza de Maria”; em seguida, “o sorriso e o olhar de Gioconda”, “o glamour de Du Barry” e “o porte de nobreza de Madame Pompadour”, completando a obra.

Um poema que quisesse seguir a mesma linha da canção de Nelson e Adelino teria um manancial muito mais amplo para se inspirar: a vastidão literária e a infinidade de poemas eróticos, que os poetas da humanidade já nos proporcionaram até hoje. E não só de poemas eróticos: também de poemas pornográficos, o que é um pouco diferente. Estes últimos até mereceram recentemente uma antologia, organizada pelo poeta carioca Alexei Bueno, a demonstrar que eles não são de somenos importância e que o mundo do sexo não tem limites. E não se trata de poesia barata, vulgar, entulhos das milhares de tentativas inúteis do fazer poético que assola a humanidade, mas de poesia inspirada e bem construída.

 O poeta baiano Florisvaldo Mattos foi fisgado por uma imaginação similar. Digamos que uma imaginação igualmente tresloucada, porém autónoma. Ao conjugar a vivência erótica, no entanto, preferiu outro caminho, muito mais amplo e difícil que o de Adelino. Escreveu um extenso poema, com sessenta estrofes de três versos cada, num total de 180 versos, o que daria para construir entre dez e quinze canções, se fosse o caso. Mas esta não é a diferença principal, mesmo porque a linguagem da poesia não é a mesma da canção popular. Para começar, ele se guiou por uma linha de “erotismo exposto”, como iremos ver. E ficou muito preocupado se o poema não seria visto como pornográfico, daí sua dúvida em divulgá-lo como obra sua ou usando um pseudônimo. Na dúvida, se apresentou como Honorino (Ioiô) Rial, funcionário aposentado do Instituto Brasileiro de Grafologia. Seu poema recebeu o nome provisório de Ponteio com Tercetos Sensoriais, que ao meu ver é uma espécie de conjuminância das sensações eróticas já expressas por diversos poetas do mundo. 

Antes de tudo, é preciso dizer que, embora possa sugerir, seu poema não é um estudo, um ensaio sobre o tema do erotismo, reunindo sinteticamente a lembrança dos autores mais expressivos do mundo poético sobre o tema. Muito mais que isso, reflete um momento único em sua vida: a visão momentânea de uma mulher que surge, repentinamente, diante dele, e aflora seus sentimentos de amor e de desejo. Ou seja, seu poema é a história de um sonho.

Este momento único ao mesmo tempo lhe remete ao imenso mundo da literatura e da poesia erótica, daí estender-se em lembranças, citações, argumentos e paralelismos sobre diversos autores que sua memória então desencava. É a descrição de um deslumbramento mágico, que nos envolve numa trama erótica que parece não terminar, com um misto de beleza e infinitude. 

Seu poema eterniza o erotismo dentro de nós, estendendo-o a horizontes que somente os sonhos conseguem, a nos dizer que ele é o único sentimento que sobreviverá dentro de nós até nosso último dia de vida, como um incipit sem fim, numa visão freudiana. Uma espécie de imagem que paira e depois nunca se apaga dentro de nossa alma.

Mas não há dúvida de que o bolero de Nelson Gonçalves e Adelino Moreira tem uma pontuação marcante no contexto do poema. Tanto que uma das cinco epígrafes usadas pelo poeta em sua obra é o trecho de outra canção, de visão similar e paralela: a Valsa de Benedito Lacerda e Aldo Cabral, na qual os autores descobrem, em sua particular escultura mental, as mãos, braços, corpo e pés pequenos de uma mulher, num conjunto que configuraria uma “perfeita Vênus”. Não é isso, afinal de contas, o que todos os homens almejam em suas esculturas imaginárias? Uma mulher perfeita como Vênus? Vê-se que Florisvaldo Mattos poderia, se fosse do seu agrado, usar uma sexta epígrafe, com versos de Escultura, de Adelino Moreira e Nelson Gonçalves.

As referências à canção popular brasileira e à música em geral aparecem ainda na lembrança de Amélia, do samba Ai que saudades da Amélia, de Ataulfo Alves e Mário Lago, sendo que, no glossário, é citada ainda a marchinha de carnaval de 1934, A História do Brasil, de Lamartine Babo, numa alusão a Ceci, personagem de O Guarani, de José de Alencar, que virou ópera homônima de Carlos Gomes e que também desponta num dos versos. 

 

A sutil identificação da música com a mulher, várias vezes sugerida no poema, remonta à tradição órfica, que tem no verso de um famoso soneto de Vinícius de Morais a sua revelação mais sublime: “…uma mulher que é feita / de música, luar e sentimento / e que a vida não quer de tão perfeita”. O que fica claro é que é impossível referir-se à mulher sem se referir à música. Mas nem todas as citações elegem os padrões que o poeta desenha na súbita mulher surgida em seu caminho. Às vezes é o contrário:

Tu nada tens de Laura, nem de Ofélia;

Nada de flor, bem mais tens de bromélia.

Não és Cíntia, nem Lia, jamais Amélia.

Assim, a imagem visualizada pelo poeta deve prescindir dos traços de Ofélia, Cíntia, Lia e Amélia, talvez porque as “virtudes” características dessas mulheres não sejam essencialmente modelos de erotismo, que é o forte fator de sua atração. Nesse caminho, que o poeta rejeita, Nelson e Adelino incluem até Maria, já que a mulher dos seus sonhos, embora escultural, não deixa de ser também um símbolo de pureza.

As referências do poeta são mais ácidas: Marie Mennassier-Nodier, Salomé, Kiki de Montparnasse, Lolita, Ninon Sevilla, Vênus, Hebe… Imerge no mundo delas e se entrega à ambientação das vidas que lhes marcaram; e se uma delas envolve um verso ou um poema, ele o expõe e exalta. E acaba se descobrindo num labirinto, onde o lúdico e o erótico guiam seus passos para uma saída inexistente.

O poema começa falando de Marie Mennassier-Nodier, a musa inspiradora de Félix Arvers (1806-1850), poeta francês que nos legou um soneto antológico, dos mais lindos que já se escreveu em língua francesa, traduzido para dezenas de idiomas, e que ficou conhecido no mundo inteiro como Soneto de Arvers. Nele, Félix Arvers se equipara a seus compatriotas Charles Beaudelaire e Pierre de Ronsard, que nos legaram outros dois sonetos imortais: À une passante e o Soneto de Ronsard, cujas temáticas são paralelas.

Se este começo é para lastimar que o poeta nunca será Félix Arvers, nem a sua musa será Marie Mennassier, é como se os dois lhe abrissem uma porta secreta para a ocorrência de sua grande surpresa: ele avista um “corpo nédio”, que surge para “sepultar seu tédio”. Nesse momento, começa então o seu processo de desvendamento dessa criatura, que trapaceia com deus e o diabo e lhe escraviza corpo e espírito. Sente logo que seu destino “é sem remédio”. Ele a deseja intensamente ao vê-la exposta à “cobiça de um sol devasso”, num dos versos mais bonitos do poema. Mas não deixa de ficar alucinado, diante daquela “ave na tormenta”.

Divaga. A mulher é uma “diva sonhada”, que aparece inexplicavelmente, vinda não se sabe de onde, “gasta de noites do sem-fim”, enfeitada de “silêncios” e de “lendas”. Enfeitiçado pela beleza da repentina musa, o poeta logo declara sua incapacidade de dizer o que sente, como se a beleza lhe ferisse a alma tão loucamente que o imobilizasse de inércia. Nem o absinto é capaz de salvá-lo. Delira:

Até penso que és mito, deusa ou fada.

Vontade de deixar-te embriagada,

Hoje, não amanhã, diva sonhada!


Não sabe quem é aquela mulher, talvez nunca descubra, e assim ela vira poesia. E como no soneto de Arvers, se perguntará, nos seus versos tão carregados dela:

 “Quelle est donc cette femme? et ne comprendra pas”…

(“Quem é então esta mulher? E não compreenderá”…)

A partir daí, abundam as lembranças ou autoreferências: Ceci, Laura, Ofélia, Cíntia, Lia, Amélia… Ninon Sevilha, Salomé, Kiki de Montparnasse… Ou ainda Lolita e Madame de Mennessier… E pode-se negar que além dessas mulheres muitas outras são sugeridas, ora sutilmente, como uma “estátua de Rodin”, ora nas entrelinhas? Esta suposta “estátua de Rodin que o sol não veda” está deitada numa praia deserta, sobre areias brancas e quentes, sugestivamente nua:

 Quando da areia branca vinhas tu,

Eu, pasmo, a desvendar o seio nu,

Pensava que outra fosses e eras tu.

O sonho de amor começa então a se realizar. Os dois amantes se buscam, se atraem, se beijam, se unem. A ardência do sol se confunde com a ardência do tato. Finalmente, eles entregam as suas almas e os seus corpos para as delícias do sexo. Mais adiante os dois se separam. Mas nunca esquecem um do outro. O tempo passa. O reencontro é inevitável. O episódico se torna infinitesimal. Eles se buscam. E se reencontram, agora num quarto confortável.

No quarto, como num lance de dados,

Eu, com meus olhos vãos, arregalados,

Irrompes tu, de peitos derramados,


De coração aberto qual um mar,

Eu, só espanto, sentado, a te mirar

Os seios, duas bolas de bilhar…

Tudo se repete: beijam-se, lambem-se, sugam-se, amassam-se, consomem-se. O amante se precavém, o êxtase não deve se consumar tão cedo, pois o momento é infinito. Prolonga-o, como se para torná-lo eterno.

Entre lençóis ou no sofá da sala,

És a luz que me espera. A Lua fala.

Sonoro vento sopra em céu de opala.

 

Subo e chego ao pedestal dos seios;

Percebo lentamente os teus gorjeios.

Se desço em disparada, perco os freios.

Neste momento há um lugar para o non sense. No auge do amor, quem sabe um intervalo lúdico para aumentar a expectativa do interminável? Pois é a isso o que o amante conduz: simplesmente, uma dança; “um mambo”:

Mordes-me e, de teus antes ternos

Olhos, ora de fogo e brasa internos,

Fluem ardências semelhando infernos.

 

Beijo-te. Tu me lambes, eu te lambo

Sexo e pernas, e os seios cor de jambo.

Dali saímos para dançar um mambo.

Os amantes voltam à praia, andam, circundam por aí, não têm pressa. O desejo é inesgotável, e segue com eles:

 Sentamo-nos à beira do caminho.

Hebe nos serve taças de áureo vinho.

Brindamos. Eu te cubro de carinho.

De repente, um verso irretocável e forte abre um terceto que leva o impudente leitor a também alcançar o êxtase:

Tens uma lua de ouro dentre as pernas.

Levas-me a ela, com mãos leves e ternas.

Rasgam-me o corpo sensações eternas.

Mas o momento se amplia e pastoreia os pensamentos do leitor, que já se perde em longos devaneios:

Súbito, deste-me a rosa, e eu beijei-a.

A rosa rubra de uma vã sereia,

Estendida na minudente areia.

 

Eu, de novo, te lambo e tu me lambes, (…)

E o poeta, despovoado de qualquer censura, volta a assombrar os que acham impossível poetizar o sexo:

De cima a baixo, ó tempora, ó mores!

E eu, a sentir que vem de teu clitóris

Uma doçura de ambrosia… Ó flores!

 

Para concluir, adiante, com esta imagem sedutora:


Pele em brilho auroral de sóis amenos,

Os seios fartos de florais acenos,

Cubro-te, como as águas cobrem Vênus.

Depois de dedicar alguns versos ao corpo da amada-musa, o poeta nos surpreende, novamente, com outro non sense. Dessa vez, é uma súbita viagem:

Para aplacar o caos que me atordoa,

Saímos os dois e vamos para Goa,

Com caravela e mar de sorte boa.

Mas, o que fazer em Goa? — logo nos perguntamos, com certa aflição. E descobrimos que o amante não consegue se separar da poesia em nenhum momento; para ele, sexo também é poesia. Quer ouvir de Camões uns sonetos de amor, para embalar seus sonhos eróticos. Este tempero lhe é absolutamente necessário e indispensável:

 Camões estará lá com seus sonetos,

De almas gentis, sonhos e amor repletos,

Sem que ventos e céus imponham vetos.

É a partir desse ponto que o amante-poeta ou o poeta-amante começa a pressentir que apenas sonha. A própria musa perguntará; “Que mulher será essa?” e ele responde: “Descobrirás!”. E continua a desvendar o próprio sonho erótico:

Não podes ser Marie Mennessier,

Porque beleza hoje é só mais de ver.

Não é de imaginar, não é de ser.


E o poeta pergunta à musa o porquê de tudo aquilo:

Oh! Musa de um sonhar primaveril,

Por que acendes em mim furor viril,

A enredar-me em lascívias cor de anil?


e ele próprio se responde:


Ah, tudo igual a ter-me um amanhã,

A me lembrar o canto da cauã,

Que me tirava o sono de manhã!

 

Ao responder, se tranquiliza e se entrega à realidade:

 

Aspiro que, no final desse ponteio,

Tudo que de alegria e amor me veio

Seja navegação de farto enleio.

 

E assim, pode concluir o poema com chave de ouro:

 

Deste sonho varonil me despeço.

Acordo. Vou à estante, leio e meço:

Não se resume a vida em ter sucesso.

 

À tarde, como se mirasse o mar,

As cortinas abro, de par em par.

Não há nada melhor do que sonhar! (grifo nosso)

 

A descrição dessa relação amorosa, desse coito imaginado, quase explícito e aparentemente interminável, tem suas sutilezas e seus descontroles lúbricos. O ato sexual é exposto, ora familiar e docemente, ora cru e sem pejo, voraz e selvagem. A poesia o enriquece. As palavras não escondem o ardor do momento. Os verbos explodem: beijar, lamber, morder, trepar, cobrir, gozar, sugar e tantos outros, ponteiam ao redor de um “clitóris exuberante”, manancial de mel e de essências exóticas: “ambrosia”.

 Se os verbos são explícitos, os substantivos e adjetivos os acompanham; seios, lábios, carne, sangue, braços, coxas, peitos, clitóris, sexo, virgindade, nua, mel, ambrosia, ardências, rosa rubra, gozo em lava, furor viril, lascívia cor de anil… E as palavras não soam independentes; as expressões nas quais elas entram ampliam os seus significados, num fenômeno contínuo de apelo ao subtendido:

Eu te ofereço mel, em tardes calmas.

ou

Nada de flor, bem mais tens de bromélia.

Ou ainda

 

Abres-me o sonho em púrpura de flor,

De fruto mesmo, doce e multicor;

De canto em ramos, vésperas de amor.


O “mal-intencionado” também está presente. Como no momento em que o poeta vê sua musa com um livro na mão e pergunta:

(…) A mente aflita,

Curiosa, indaga: “Não será Lolita?”;

Mas não há como não destacar, ao lado desse aspecto, um outro de igual importância: a candura com que a musa é tratada em alguns versos, de um lirismo apaixonante, levando-nos a lembrar dos numerosos poemas de amor imortais que a literatura mundial nos legou.

Desse modo, esta pequena abordagem final é necessária para demonstrar que o poema de Florisvaldo Mattos, embora erótico na essência, jamais descamba para o vulgar ou o puramente pornográfico. Sua raiz poética floresce a cada estrofe, como essa abaixo, de puro lirismo, bem à moda de um terceto dos grandes sonetos de amor:

Já te queria, quando a mão me deste,

Na praia azul voltada para o Leste.

Eras só luz; em mim amanheceste.

Assim, o poema pode ser lido como um buquê de metáforas, embelezadas pela rima contínua dos tercetos, técnica de difícil consecução.

Resumo: Ponteio com Tercetos Sensoriais é o poema do mais belo sonho de amor, de um sonho universal.

A abordagem do vocabulário usado também serve para situar o poema no contexto de nosso momento histórico. Não tenho conhecimento de uma antologia que tenha reunido exaustivamente os poemas eróticos de nossos grandes poetas, que, tenho certeza, são abundantes. Não seria o momento de organizá-la?

 Mas essa duplicidade de elocução – ora amorosa ora pornográfica – acaba por exorcizar o poema e o poeta, livrá-los de qualquer pecado mortal. Viemos dizer a Florisvaldo Mattos que fique tranquilo. Não será queimado na fogueira das novas inquisições. Seu poema é feito de poesia pura, limpa e verdadeira. E também impura, por que não?

Pois sim, desde que o li pela primeira vez, o poema me fez lembrar da Antologia de poesia portuguesa erótica e satírica, organizada e publicada pela grande poeta lusófona, nascida nos Açores, Natália Correia, ela mesma também participante da obra, porque grande poeta erótica. Naqueles tempos salazarentos, essa publicação valeu à poeta uma perseguição cruel e contínua da famigerada PIDE. Natália teve praticamente todos os seus livros censurados, sua Antologia foi apreendida e durante 7 anos ela respondeu a um processo covarde, misógino, politicamente tendencioso e injusto, vindo a ser condenada a pesadas multas, junto com alguns poetas participantes da obra ainda vivos na época, como Mário Cesariny e Luiz Pacheco, assim como seus editores. Acatando as alegações da PIDE, a justiça de Salazar considerou a obra um “atentado ao pudor e à decência pública”. O mundo literário se levantou contra essa ignomínia.

E olha que na Antologia figuram os poetas de maior relevo da literatura portuguesa, que são Camões, Bocage e Fernando Pessoa, além de Eugênio de Castro, Mário de Sá- Carneiro (lembrado por Florisvaldo em Salomé), Almada Negreiros, José Régio, Cesário Verde e outros. O poema de Fernando Pessoa incluído na Antologia, o Epithalamium, não é muito conhecido, pois se trata de um de seus “poemas ingleses”, até aquela época sem tradução portuguesa. Natália Correia o descobriu, e precisou traduzi-lo. Vale a pena citar aqui pelo menos um de seus versos, na versão dela, a título de reflexão:

Já o pensamento da mão do noivo a apalpa

vede! mesmo onde se intimida a sua mão.

Que maravilha! Não é mão do noivo que apalpa a provável noiva, é seu pensamento! Eis um mecanismo hoje universal, e que não está muito distante dos usados pelo poeta Florisvaldo Mattos.

Se vivêssemos situações similares às do salazarismo,  ou da recente ditadura militar brasileira Ponteio seria impublicável. O autor estaria sujeito a sérias perseguições. Ainda bem que vencemos a censura ditatorial e não há sinais de que ela possa retornar tão cedo ao nosso país. Ó tempora! Ó mores!

Paulo Martins, escritor e poeta, 09/11/2024

(Continua na próxima edição)

 

Fotografia de Paulo Martins

 Paulo Martins nasceu em Ipiaú-Bahia, e morou em Jequié, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Pequim, Paris, Salvador, Porto Seguro e outras cidades. Reside atualmente em Lisboa, Portugal. É poeta, letrista de canção popular, romancista, cronista e ensaísta, autor dos romances Glória Partida ao Meio (7 Letras 2010); Adeus, Fernando Pessoa (7 Letras, 2014); História de Roque Bragantim – Olhares do Campo (Cultura Editorial, 2017); e do ensaio Jacques Brel – A Magia da Canção Popular (7 Letras, 1998). Os seus livros mais recente são As Diabruras de Orfeu – Cantorias sem fim (Editora Lacre, 2020) e Até breve, poeta (Kotter Editorial, 2022). Divide-se, desde a adolescência, entre as duas maiores paixões de sua vida: a política e a literatura.

 

                  

         

 

PONTEIO COM TERCET0S SENSORIAIS

 Honorino (Ioiô) Rial

 

           La mer, la mer, toujours recommencée!

           O recompense après une pensée

           Qu´un long regard sur le calme des dieux!

                                                                       (Paul Valéry)

À l'austère devoir pieusement fidèle,

elle dira, lisant ces vers tout remplis d'elle,

"Quelle est donc cette femme?”, et ne comprendra pas...

                                                           (Félix Arvers)

Crede mihi, non ulla tuae est medicina figurae

   nudus Amor formae non amat artificem. 

                                                           (Propércio)

Omnia vincit Amor: et nos cedamos Amori.

                                                            (Virgílio)

           As mãos liriais, / Os braços divinais / O corpo algo sem par / Os pés muito pequenos / Enfim eu vi nesta mulher / Uma perfeita Vênus.

                                               (Benedito Lacerda e Aldo Cabral, valsa)

 

 

Não és Marie e nem és Mennessier,

E não serás tampouco Nodier,

Como eu nunca serei Félix Arvers.

 

A vida tem mistérios e segredos.

Não se pode viver de sonhos ledos,

Se a mente se escancara para os medos.

 

Penso que meu destino é sem remédio.

Abro a porta, surpresa: um corpo nédio,

Que surge para sepultar meu tédio.

 

Dizem: na encruzilhada, o Cão atenta,

Com todo o turbilhão que o tempo inventa.

Miro-te o rosto: uma ave na tormenta.

 

Em dias que se vestem de mormaço,

Sopras tua candura neste espaço

E à cobiça te expões de um sol devasso.

 

Ou por outra, sentada em um jardim,

De olhar tão longe e tão perto de mim,

Vieste, gasta de noites do sem-fim.

 

Silêncio é tudo que não nega sendas

E não exige que se ponham vendas

Em quem parece vir de antigas lendas.

 

Não posso te dizer o que ora sinto.

Se a outros, louco, disser, dirão que minto.

Nem é para mim solução o absinto.


Até penso que és mito, deusa ou fada.

Vontade de deixar-te embriagada,

Hoje, não amanhã, diva sonhada!

 

Ah, ponho-me de fauno na clareira

Urbana. Logo um vulto, alvissareira

Imagem; para mim, Ceci trigueira.

 

Contemplo-te do fundo de meus ais:

Uma estátua, mas não de mãos liriais.

Ah, boneca, tu não serás jamais.

 

Em meu desvairo, perdido e sem nexo,

Vendo em ti do sol vívido reflexo,

Pergunto-me como será o teu sexo.

 

Tu nada tens de Laura, nem de Ofélia;

Nada de flor, bem mais tens de bromélia.

Não és Cíntia, nem Lia, jamais Amélia. 


Pra mim és Salomé de Sá-Carneiro, 

Dançando e contorcendo-se - um salseiro! -,

A me fazer sonhar o dia inteiro.

 

Vejo a morena coxa – quanto brilha! -,

Tanto quanto brilhou Ninon Sevilla,

Numa sonora mexicana trilha.

 

Talvez até Kiki de Montparnasse,

Coração de vanguarda; outra, que trace

Em mim caminhos, medre e me ultrapasse.


Tens um livro na mão. A mente aflita,

Curiosa, indaga: "Não será Lolita?"

Ânsia maior talvez de quem cogita.

 

Choras porque perdeste a virgindade,

Por uma distração de pouca idade,

Com um noturno assaltante da cidade.

 

Sorris dessas lembranças da alvorada,

E de outras, que não servem para nada.

Hoje, mulher, não queres ser manada.

 

Os dias sem nenhuma maquilagem

Passas, a idade não exige; a imagem

Só precisa de um ato de coragem.

 

Já te queria, quando a mão me deste,

Na praia azul voltada para o Leste.

Eras só luz; em mim amanheceste.

 

Ouviste o que insinuava a ti meu canto.

Disseste não querer perder o encanto,

Tampouco dissolver teu sonho em pranto.

 

Quando da areia branca vinhas tu,

Eu, pasmo, a desvendar o seio nu,

Pensava que outra fosses e eras tu.

 

O tempo passa, como passa o dia.

Guardei meus surtos de melancolia;

Tornas agora e és uma epifania.

 

Quando os fados atingem belas almas,

Deuses vêm e lhes oferecem palmas.

Eu te ofereço mel, em tardes calmas.

 

Tu me pertences, ouve esse ditame.

Encaro a rosa. Pedes-me que te ame.

Beijo-a. Se recuso, serei infame.


No quarto, como num lance de dados,

Eu, com meus olhos vãos, arregalados,

Irrompes tu, de peitos derramados,


De coração aberto qual um mar,

Eu, só espanto, sentado, a te mirar

Os seios, duas bolas de bilhar...

 

Belíssima aurora, vestida em seda,

Estátua de Rodin, que o sol não veda,

Aos olhos de quem marcha para a queda.

 

Entre lençóis ou no sofá da sala,

És a luz que me espera. A Lua fala.

Sonoro vento sopra em céu de opala.

 

Subo e chego ao pedestal dos seios;

Percebo lentamente os teus gorjeios.

Se desço em disparada, perco os freios.

  

Tens no corpo talvez um tino sábio.

Ainda mais ambicioso chego ao lábio,

Adornado de flor, meu astrolábio.

 

Mordes-me e, de teus antes ternos

Olhos, ora de fogo e brasa internos,

Fluem ardências semelhando infernos.

 

Beijo-te. Tu me lambes, eu te lambo 

Sexo e pernas, e os seios cor de jambo.

Dali saímos para dançar um mambo.


Quando vejo na praia os claros seios,

De suavidade e de beleza cheios,

O idioma deles soletrando, leio-os.

 

Na branca areia, em tarde de preamar,

Nua, vais; mas percebo um risco no ar,

De eu ir atrás e me perder no mar.


Sentamo-nos à beira do caminho.

Hebe nos serve taças de áureo vinho.

Brindamos. Eu te cubro de carinho.

 

Sei que não é hora para desvarios,

Nem tampouco de sonhos. Subo rios

Sensuais, lábios, fartando-me de brios.


Tens uma lua de ouro dentre as pernas.

Levas-me a ela, com mãos leves e ternas.

Rasgam-me o corpo sensações eternas.

 

Na plenitude desse instante raso,

Vibras: és como uma água a encher um vaso.

Nem mesmo ramos fazem pouco caso.

 

Súbito, deste-me a rosa, e eu beijei-a.

A rosa rubra de uma vã sereia,

Estendida na minudente areia.


Eu, de novo, te lambo e tu me lambes,

Neste paraíso em que somos dois bambis.

Sol, sê testemunha, antes que descambes!


De cima a baixo, ó tempora, ó mores!

E eu, a sentir que vem de teu clitóris

Uma doçura de ambrosia... Ó flores!

 

Abres-me o sonho em púrpura de flor,

De fruto mesmo, doce e multicor;

De canto em ramos, vésperas de amor.


Pele em brilho auroral de sóis amenos, 

Os seios fartos de florais acenos,

Cubro-te, como as águas cobrem Vênus.

 

Teu corpo esbelto, longe de conselhos,

Faz acordar em mim uns sonhos velhos,

E eu, sobre teu ventre, a apanhar de relhos...

 

A madrugada vinha e te saudava

Com um despejar de amor e gozo em lava,

Áurea caudal que nunca se acabava.

 

Ávido, baixara eu do seio às coxas,

Ante um crepúsculo de nuvens roxas,

Que a ti me acorrentava como a rochas.

 

Miro do mar os pontos luminosos,

Das gaivotas os voos sinuosos,

E em teu corpo faróis de ardentes gozos.


Para aplacar o caos que me atordoa,

Saímos os dois e vamos para Goa,

Com caravela e mar de sorte boa.


Camões estará lá com seus sonetos,

De almas gentis, sonhos e amor repletos,

Sem que ventos e céus imponham vetos.

 

Oh! Musa de um sonhar primaveril,

Por que acendes em mim furor viril,

A enredar-me em lascívias cor de anil?

 

Ah, tudo igual a ter-me um amanhã,

A me lembrar o canto da cauã,

Que me tirava o sono de manhã!


Contigo, só meu sonho era o sublime

Manter intacto, que ele a mim redime,

No íntimo, porque amar nunca foi crime.

 

As palavras enganam, bem sabemos.

Para seguir, precisarei de remos,

Sujeito a me bater com polifemos.

 

Não podes ser Marie Mennessier,

Porque beleza hoje é só mais de ver.

Não é de imaginar, não é de ser.

 

Só não deixas meu coração em paz,

E, ante esses versos, ah! perguntarás:

"Que mulher será essa?" Descobrirás.

 

Sozinha, o mundo encaras, silenciosa.

És fruta e senda, em nada pedregosa;

Jamais contradição, somente rosa.

 

Aspiro que, no final desse ponteio,

Tudo que de alegria e amor me veio

Seja navegação de farto enleio.

 

Deste sonho varonil me despeço.

Acordo. Vou à estante, leio e meço:

Não se resume a vida em ter sucesso.


À tarde, como se mirasse o mar,

As cortinas abro, de par em par.

Não há nada melhor do que sonhar!

 

(SSA/BA, 15/07/2016-2022)

 

À GUISA DE GLOSSÁRIO

 

(Reporta-se aos nomes que figuram ou são aludidos com paráfrases no poema, na ordem de presença nos tercetos).

 

Marie Mennassier-Nodier (1811-1893). Trata-se da figura, dama da alta sociedade francesa, casada, que a maior parte da crítica admite ter sido a musa oculta, inspiradora de célebre soneto de autoria do poeta Félix Arvers, a ela sigilosamente dedicado.


Félix Arvers (1806-1850). Poeta e dramaturgo francês do período romântico, que ficou mundialmente famoso pelo soneto (Le Sonnet d´Arvers) supostamente inspirado por Marie Mennessier-Nodier e a ela secretamente dedicado, que pôs meio mundo, ao longo de decênios, na detetivesca missão de desvendar a musa inspiradora, cujo terceto final está entre as epígrafes, que encabeçam o poema.

 

Ceci - Apelido carinhoso de Cecília de Mariz, famosa personagem do romance O Guarani, de José de Alencar (1829-1877), publicado em 1857 e visto como epopeia da nacionalidade, servindo depois de inspiração a Carlos Gomes (1836-1896), em ópera com o mesmo título, estreada em 1870. No célebre romance, Ceci é o amor do índio goitacá Peri, assim comumente descrita: "Ceci (Cecília): moça linda, de doces olhos azuis, gênio travesso, mas meiga, suave, sonhadora, herdeira da força moral interior de seu pai, D. Antônio Mariz". (Google). O personagem depois serviria de leit-motiv a filmes, histórias em quadrinhos, seriado de televisão e pinturas nacionais de linhagem figurativista, aparecendo ainda em criações de música popular, como na marchinha carnavalesca A História do Brasil, de Lamartine Babo, sucesso do Carnaval de 1934, na voz de Almirante, na qual "Ceci beijou Peri / Ao som do Guarani", entre outras adaptações.

 

Laura – Personagem de obra teatral do espanhol Calderon de la Barca (1600-1681), que aparece em um soneto de Olavo Bilac, o XXIII da Via-Lactea, cujo primeiro quarteto assim a invoca:

 

Laura! Dizes que Fábio anda ofendido

E, apesar de ofendido, enamorado,

Buscando a extinta chama do passado

Nas cinzas frias avivar do olvido.

 

Ofélia – Personagem da tragédia Hamlet, de Shakespeare, arquétipo da donzela indefesa, consagrada pelas artes plásticas, especialmente entre pintores românticos (Millais, Delacroix), pelo tanto que simbolizava o seu suicídio.

 

Cíntia – Amante e musa inspiradora do poeta romano Sexto Propércio (47 a.C-16 a.C), essencialmente lírico, que, protegido de Mecenas, atuou no período do imperador Augusto, tendo como companheiros de vida literária os poetas Tibulo e Ovídio. A ela dedicou as três primeiras da série de suas Elegias. Tradução dos versos de Propércio, na epígrafe:

 

Crê-me: nenhum cosmético é necessário ao teu semblante;

O amor é nu e não ama os artifícios da beleza.

                                                             (Elegias)


Lia – Personagem bíblica, filha mais velha de Labão, de beleza simplória, dada por este, numa tramoia, em casamento a Jacó, que preferia a bela Raquel, irmã mais nova dela, episódio consagrado por Camões num clássico soneto, cujo segundo quarteto registra:

 

Os dias na esperança de um só dia
passava, contentando-se com vê-la;
porém o pai, usando de cautela,
em lugar de Raquel, lhe dava Lia. 

 

Amélia – A “que era mulher de verdade” num célebre sucesso carnavalesco, o samba, “Ai que saudades da Amélia” (1942), de Ataulfo Alves (1909-1969), em parceria com Mário Lago (1911-2002), a que “não tinha a menor vaidade”, símbolo de consciência e probidade, na relação com o parceiro.

 

Salomé - Personagem bíblica, cujo nome deriva do hebraico Shalom, significando Paz, embora tenha ficado famosa pela degola de São João Batista, para atender à sua mãe, Herodias, que o odiava, episódio do Antigo Testamento, ocorrido na corte de Herodes Antipas (20 a.C.- 39 d.C), tetrarca da Galileia, a quem Salomé fez o pedido, após ele, encantado com a beleza dela e de sua dança, num banquete, prometer dar-lhe o que pedisse, até mesmo a metade de seu reino, segundo a lenda. E a cabeça de São João saldou a dívida.

 

Ninon Sevilla (Emelia Pérez Castellanos, 1929-2015). Bela atriz e dançarina mexicana, nascida em Cuba, de corpo escultural eroticamente celebrizado em filmes mexicanos das décadas de 1950-1960, dançando sensuais e eletrizantes mambos e rumbas.

 

Kiki de Montparnasse (pseudônimo de Alice Prin, 1901-1953). Atriz, dançarina e modelo, foi um dos símbolos da emancipação feminina do início do século XX, com destaque no período das vanguardas artísticas, envolvendo literatura, artes plásticas, música, dança, teatro, cinema e moda, em momento de revolução modernista, com sua fase áurea nas décadas de 1920 e 1930. Fez parte do conjunto de mulheres que deram nova fisionomia à presença feminina na cultura e na sociedade, em tudo pioneiras. Como modelo ou amante, manteve relação com vários artistas, tanto expressionistas, como surrealistas, entre os quais Chaïm Soutine, Tsuguharu Foujita, Francis Picabia, Jean Cocteau, mas sua relação mais duradoura se deu com o pintor e fotógrafo americano Man Ray, uma das figuras mais destacadas do surrealismo, que dela realizou centenas de fotos, algumas consagradas.

 

Lolita – Personagem de famoso romance de Vladimir Nabokov (1899-1977), que, editado primeiramente em Paris (1955), depois em Nova York (1958) e, por fim, em Londres (1959), projetou internacionalmente e consagrou o seu autor, tornando-se um marco da ficção no século XX, pela ousadia erótica, dramática e comportamental com que tece a sua trama, sendo adaptado sucessivamente para o teatro, o cinema e outras linguagens artísticas.

  

Sá-Carneiro (Mário de, 1890-1916) – Poeta e prosador, figura relevante do Modernismo português, amigo de Fenando Pessoa (1888-1935), cuja poesia sugere perturbações interiores, a refletir uma hipersensibilidade às vezes alucinada, de voluntário desregramento sensorial, com ressonâncias de Rimbaud, na esteira do decadentismo de Antônio Nobre (1867-1900) e Camilo Pessanha (1867-1926). Ficaram dele dois livros de poemas: Dispersão (1914), coletânea ainda publicada em vida, e o póstumo Indícios de Oiro (1937). Encerra famoso soneto em que evoca a imagem sensual da bíblica Salomé dançando, aqui aludido, com este terceto:


Mordoura-se a chorar - há sexos no seu pranto... 

Ergo-me em som, oscilo, e parto, e vou arder-me

Na boca imperial que humanizou um Santo...


Vênus – Nome latino da grega Afrodite, deusa do amor e da beleza, uma das 12 divindades do Olimpo, nascida da espuma formada sobre o mar do sêmen de Urano (o Céu), que fora mutilado por Cronos (Saturno).

Hebe – Na mitologia grega, filha de Zeus e Hera, surge como a personificação da juventude; pertence à família divina e tem a função celestial de servir néctar aos deuses. Neste papel, aparece em um soneto do parnasiano Raimundo Correia (1860-1911):


Quando do Olimpo nos festins surgia

Hebe risonha, os deuses majestosos
As taças estendiam-lhe, ruidosos,

E ela, passando, as taças lhes enchia...

 

Virgílio (70 a.C-19 a.C) – Omnia vincit Amor: et nos cedamos Amori. (Bucólicas, III, 69), Tradução: “O amor tudo vence, e cederemos ao amor”. (Virgílio, Bucólicas. Brasília: Editora Universidade de Brasília / Melhoramentos, 1982. Tradução: Péricles Eugênio da Silva Ramos).

 

Reiner Maria Rilke (1875-1926) - "Rosa, ó pura contradição, prazer
de ser o sono de ninguém sob tantas pálpebras". (Tradução: José Paulo Paes)

 

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Autor: Honorino (Ioiô) Rial - poeta e servidor aposentado do Instituto Brasileiro de Grafologia.

 

 

 

 

 


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