MAIS UM CAOS BAIANO IRISADO!
Ante tão magnífica imagem de um crepúsculo sobre a Baía de Todos os Santos, que nos proporciona a magia fotográfica de Mecenas M. Salles, só trazendo ao cenário famoso soneto de poeta simbolista hoje esquecido, Maranhão Sobrinho (1879-1915), cujo enunciado evocativo e invocativo parece mergulhar num cenário de transcendências. Veja-se o encadeamento de rimas singulares. Aí vai abaixo "Interlunar", o soneto descoberto e elogiado pelo paulista Augusto de Campos.
INTERLUNAR
Maranhão Sobrinho
Entre nuvens cruéis de púrpura e gerânio,
rubro como, de sangue, um hoplita messênio
o Sol, vencido, desce o planalto de urânio
do ocaso, na mudez de um recolhido essênio...
rubro como, de sangue, um hoplita messênio
o Sol, vencido, desce o planalto de urânio
do ocaso, na mudez de um recolhido essênio...
Veloz como um corcel, voando num mito hircânio,
tremente, esvai-se a luz no leve oxigênio
da tarde, que me evoca os olhos de Estefânio
Mallarmé, sob a unção da tristeza e do gênio!
tremente, esvai-se a luz no leve oxigênio
da tarde, que me evoca os olhos de Estefânio
Mallarmé, sob a unção da tristeza e do gênio!
O ônix das sombras cresce ao trágico declínio
do dia em que, a lembrar piratas do mar Jônio,
põe, no ocaso, clarões vermelhos de assassínio...
do dia em que, a lembrar piratas do mar Jônio,
põe, no ocaso, clarões vermelhos de assassínio...
Vem a noite e, lembrando os Montes do Infortúnio,
vara o estranho solar da Morte e do Demônio
com as torres medievais as sombras do Interlúnio...
vara o estranho solar da Morte e do Demônio
com as torres medievais as sombras do Interlúnio...
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